13 Outubro 2011
Desde que no dia 30 de junho se noticiou - a partir de Havana - a cirurgia de Hugo Chávez, o mandatário venezuelano se transformou no tema central da política no país. As eleições acontecem no ano que vem.
A reportagem é de Joaquín Espert e publicado pelo Página/12, 11-10-2011. A tradução é do Cepat.
A doença do mandatário venezuelano mudou o seu ritmo de atividades, o que alimenta rumores sobre as eleições presidenciais de 07 de outubro do ano que vem. Chávez garantiu que não deverá se submeter a outras sessões de quimioterapia e informou que irá à Cuba para confirmar que o câncer foi eliminado do seu corpo.
O presidente venezueleno Hugo Chávez anunciou que viajará no próximo final de semana para Cuba para realizar uma série de exames médicos, ao mesmo tempo em que disse que já não resta nada do câncer e que por hora não necessita de sessões de quimioterapia. "Esses examos irão confirmar, tenho fé, a ausência de células malignas em meu corpo", disse. A informação oficial, entretanto, sobre a doença é pouca, ainda é um mistério o tipo de câncer sofrido pelo presidente e basta um dia em que não apareça publicamente para que ressurjam versões sobre complicações.
Desde que no dia 30 de junho se noticiou - a partir de Havana - a cirurgia de Chávez, o mandatário venezuelano se transformou no tema central da política no país e das eleições do próximo ano. À época, o mandatário reapareceu depois de 20 dias sem presença pública e pela primeira vez em muito tempo leu o seu discurso no qual manifestou que durante a operação se comprovou "a existência de um tumor com presença de células câncerígenas".
Os meios de comunicação e os políticos de oposição se encarregaram de colocar em dúvida se o presidente poderia continuar no poder, se a sua saúde permitiria que levasse adiante as tarefas de governo e insistiram que suas ausências para se tratar em Cuba eram anti-constitucionais. Entretanto, a doença não afetou negativamente a imagem de Chávez, pelo contrário, ajudou-a na recuperação da aprovação que chega a 60%.
Salvo durante os dias que lhe aplicaram as quatro sessões de quimioterapia, três em Havana e uma em Caracas, o mandatário procurou não se ausentar da vida pública para calar os rumores e se mostrar ativo. Apesar disso, foi notório a mudança da intensidade da atividade presidencial: se antes era comum a intesa agenda de atividades em todo o país, com longos discuros, desde a operação Chávez visitou apenas dois estados do interior e transferiu-se para o Palacio de Miraflores a maiora dos atos, muito deles realizados por videoconferências. A doença deu visibilidade a vários ministros que tiveram que substituir o presidente em inaugurações e atividades oficiais. Inclusive, o mandatário abandonou o seu programa Alô Presidente que já leva 18 domingos sem ir ao ar.
Outra mudança desde o diagnóstico do câncer se deu no tom do discurso do mandatário que sem deixar de atacar seus inimigos de sempre se tornou mais conciliador. Além disso, Chávez afirmou que experimenta "uma nova vida, mais espiritual e mais reflexiva", o que produziu algumas mudanças simbólicas como o uso de camisas amarelas no lugar das tradicionais vermelhas e a ordem de trocar o lema "Pátria socialista ou morte" por "Pátria socialista e vitória, Viveremos e venceremos". Essa moderação no discurso presidencial surtiu efeito nos líderes opositores, que optaram por não atacá-lo pelo lado se sua saúde para evitar o efeito da vitimização e bater o pé nos temas que as pesquisas mostram como principal preocupação dos venezuelanos: a violência e a falta de moradias.
Por outro lado, os editorialistas dos meios de comunicação antichavistas se animam em falar da saúde do presidente e se encarregam de propagar rumores sobre um pioramento da saúde do mandatário. O proprio Chávez faz duas semanas desmentiu uma versão divulgada pelo jornal conservador El Nuevo Herald, de Miami, que afirmava que havia sido internado. "Chávez é hospitalizado de emergência, é isso que eles querem, sobretudo os donos desses jornais", respondeu então o chefe de Estado venezuelano.
"Sempre terei que regularmente fazer exames, ficar em observação, essa doença não é qualquer coisa", reconheceu nesses dias o presidente num contato com a televisão oficial. Da evolução de sua saúde dependerá o quanto poderá se colocar de corpo e alma nas eleições daqui um ano. Em 07 de outubro de 2012 buscará um terceiro mandato, frente a uma oposição que planeja se apresentar com um candidato único. "Não é tempo de morrer, eu tenho que viver porque tenho um compromisso muito grande para o próximo período presidencial: ganhar as eleições e continuar em frente com essa batalha", destacou Chávez ao informar oficialmente sobre sua nova viagem à Cuba para realizar os exames que espera confirmem que o câncer deixou o seu corpo.
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"Não é tempo de morrer", afirma Chávez - Instituto Humanitas Unisinos - IHU