O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio),
Márcio Freitas de Meira, foi feito refém e impedido de deixar uma comunidade indígena que visitava ontem na região metropolitana de
Porto Alegre (RS).
A reportagem é de
Felipe Bächthold e
Kátia Brasil e publicada pelo jornal
Folha de S. Paulo, 04-10-2011.
Meira foi ao Rio Grande do Sul participar de um encontro na
reserva Estiva, habitada por guaranis e caingangues em
Viamão, cidade vizinha à capital gaúcha.
Os índios discutiram com ele sobre a demarcação de terras na região, mas não chegaram a um acordo e decidiram mantê-lo refém.
A Polícia Federal foi informada sobre o caso na noite de ontem e mandou uma equipe ao local para verificar a situação. Ao menos 200 moradores de origem indígena vivem na região.
O ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, afirmou que acompanha o caso, junto à Polícia Federal. A fundação é subordinada à pasta.
"Tudo indica que a situação se resolverá pacificamente, segundo informações da própria assessoria da Funai."
A
Funai informou ao ministro que
Meira está bem e que os índios pediram a presença de veículos de comunicação no local para soltá-lo.
Ele é presidente do órgão desde 2007. Paraense, trabalhou na demarcação de terras indígenas e foi secretário de Patrimônio no Ministério da Cultura.
CARTA ABERTA
O
Cimi (Conselho Indigenista Missionário), órgão ligado à
CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), divulgou ontem uma "carta aberta" de líderes guaranis da
aldeia Estiva.
Na carta, eles reclamam da suposta falta de políticas públicas e da situação de miséria que vivem. Dizem ainda que
Meira é mantido refém pacificamente.
Os índios afirmam que não estão praticando um ato de violência, mas de "repúdio", com o qual pretendem "dar visibilidade à gravíssima condição social que vivemos no Brasil".
"Nossas crianças passam fome, e não têm perspectivas de futuro; nossas comunidades estão na mais plena invisibilidade, sem perspectivas de acesso ao mercado de trabalho e sem as mínimas condições de alcançar uma condição de vida minimamente digna", diz a carta.
No texto, os líderes indígenas reivindicam "uma política justa" de demarcação de terras, além de políticas de habitação, saúde, educação e agricultura familiar.
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Presidente da Funai é mantido refém em reserva indígena gaúcha - Instituto Humanitas Unisinos - IHU