As questões ambientais globais têm que chegar ao centro das decisões da Organização das Nações Unidas. As questões ambientais globais não podem ser discutidas apenas pelos governos - a sociedade deve pressionar. As duas afirmações poderiam ser de um ativista, mas pertencem ao coordenador-executivo da
Rio+20, o francês
Brice Lalonde, pessoa-chave na conferência sobre desenvolvimento sustentável que a ONU fará no Rio de Janeiro em junho.
A reportagem é de
Daniela Chiaretti e publicada pelo jornal
Valor, 28-09-2011.
O homem que
Ban Ki-Moon, secretário-geral das Nações Unidas, escolheu para ajudar no processo, está no Rio para a Sustentável 2011, do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), e falou ao Valor por telefone. A outra coordenadora é
Elizabeth Thompson, de Barbados, no padrão da ONU de ter no mesmo posto alguém dos países desenvolvidos e também do mundo em desenvolvimento.
A primeira afirmação de
Lalonde se relaciona com um dos pontos fundamentais em debate entre os representantes dos 193 países que virão ao Rio. As discussões sobre desenvolvimento sustentável são marginais na ONU. O
Pnuma é, como o nome sugere, um programa - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. O Ecosoc - Conselho Econômico e Social - é um órgão central na organização, mas que jamais decolou.
A proposta europeia é de transformar o Pnuma em agência ambiental e de desenvolvimento sustentável - opção sem consenso porque muitos países temem que criar outra estrutura signifique mais custos. A outra ideia, defendida pelo Brasil, é fortalecer o
Ecosoc.
Lalonde não parece preocupado com o formato. "O importante é colocar o desenvolvimento sustentável no centro da ONU", diz o ex-ministro do ambiente de Mitterrand e chefe da delegação francesa nas últimas conferências do clima.
"Tem que ter chefes de Estado", continua. Ele lembra que ministros do Meio Ambiente estão em todos os debates internacionais sobre Clima e Biodiversidade, mas não é o suficiente. "Temos que ter um compromisso político mais forte." Os chefes de Estado, diz, virão se a
Rio+20 criar uma nova instituição e objetivos sustentáveis para 2030, nos moldes dos atuais
Objetivos do Milênio, que expiram em 2015. As discussões giram em torno de criar metas para preservar oceanos, ter pesca sustentável, energias renováveis, justiça social, segurança alimentar, e por aí vai.
"Precisamos dos negócios para criar uma nova economia, precisamos dos governos locais, da sociedade civil, das ONGs, dos cidadãos, de todos", continua. "Isso é absolutamente crucial." Ele chama a todos que tenham propostas a participar do processo. E tem, como ideia original, a criação do que chama de "plataforma virtual colaborativa", onde todos os atores poderiam participar. "O Brasil tem que entender que esta também é uma discussão sobre liderança, a liderança deste século."
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ONU tem que priorizar ambiente, afirma coordenador da Rio+20 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU