A insistência do
PDT em obter o apoio dos petistas para a reeleição do prefeito
José Fortunati pode até não dar em nada, mas já provocou uma mudança inesperada no discurso de líderes importantes do PT gaúcho em relação a uma eventual composição com o PMDB. Aliados nacionalmente, PT e PMDB são, desde o governo estadual do então pemedebista
Antônio Britto (1995-1998), adversários ferrenhos e - pelo menos até agora - inconciliáveis no Rio Grande do Sul. Mas as coisas podem mudar.
A reportagem é de
Sérgio Ruck Bueno e publicada pelo jornal
Valor, 09-09-2011.
O nó da questão é que o PMDB integra a administração de
Fortunati, que até o ano passado era vice e assumiu a prefeitura depois que o pemedebista
José Fogaça renunciou para concorrer ao governo do Estado. E o
PDT, ao mesmo tempo em que corteja o PT, afirma que não abre mão de manter a aliança com o PMDB em 2012, enquanto os petistas querem o apoio dos pedetistas para reeleger o governador
Tarso Genro em 2014.
Segundo o presidente municipal do PT, vereador
Adeli Sell, uma eventual aproximação com os pemedebistas está de acordo com a diretriz definida no
4º congresso nacional do partido e já "não é mais tabu" em Porto Alegre.
O próprio presidente do PT no Rio Grande do Sul, deputado
Raul Pont, da corrente Democracia Socialista (DS), uma das mais à esquerda do partido, admite que a possibilidade de composição deve ser deixada "em aberto" porque o PMDB está no governo
Dilma Roussef (PT). Mas ele reconhece que a situação é complicada, porque os pemedebistas são também os maiores adversários do governo estadual petista.
E há outro problema. Numa composição com
Fortunati à frente, nem PT nem PMDB abririam mão da vice-prefeitura. "Ceder a cabeça de chapa já é difícil e não ter o PT como vice não passa pela ideia de nenhum petista", afirma
Sell, que nesta semana se reuniu com o presidente municipal do PMDB, vereador
Sebastião Melo, para, segundo ele, tentar "superar o clima de "grenalização" entre os dois partidos", numa referência à rivalidade entre os times de futebol gaúchos Internacional e Grêmio.
Do outro lado,
Melo afirma que os pemedebistas não irão se opor se o PT "abraçar" o projeto da administração PMDB/PDT e apoiar
Fortunati. Mas o partido também não pretende abrir mão do acordo firmado com os pedetistas ainda em 2008 (quando
Fogaça foi eleito pela primeira vez), pelo qual ele indicaria o candidato a vice-prefeito em 2012.
O novo cenário deverá retardar de novembro para março a definição do PT sobre o rumo a tomar. O presidente estadual do PDT,
Romildo Bolzan Júnior, disse que se não for possível unir PT e PMDB, a proposta "morreu", mas para Sell a "capilaridade" do PDT no Rio Grande do Sul - 67 prefeitos, 62 vices, 695 vereadores, 7 deputados estaduais e 3 federais - é "fundamental" para a campanha ao governo estadual em 2014.
Se o acordo com o PDT não prosperar, o PT voltará às duas opções iniciais: sair com candidato próprio ou apoiar a deputada federal
Manuela D"Ávila, do PCdoB. Tanto
Sell quanto
Pont admitem que boa parte da base do partido prefere candidatura própria, mas apesar de ambos serem pré-candidatos, eles reconhecem que a eleição de 2012 não pode ser descolada da disputa de 2014, o que neste caso faria a balança pender para o lado do PCdoB.
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Aliança em Porto Alegre pode unir tradicionais adversários no RS - Instituto Humanitas Unisinos - IHU