A ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos,
Maria do Rosário, é explícita: a
Comissão da Verdade proposta pelo governo federal para investigar os crimes dos agentes da repressão durante o regime militar é um "instrumento limitado" e "a revisão da
Lei da Anistia não está na agenda do governo".
A entrevista é de
Wilson Tosta e publicada pelo jornal
Valor, 08-09-2011.
Eis a entrevista.
Como está a discussão na Câmara para viabilizar a Comissão da Verdade?
Tivemos já posicionamento de praticamente todas as lideranças na Câmara dos Deputados, favoravelmente. É uma coisa que não está separando governo e oposição. Fiz uma reunião com o presidente (da Câmara)
Marco Maia (PT-RS), para que a gente assuma um compromisso conjunto de fazer isso até o final deste ano, não deixar para o ano que vem. Porque ano eleitoral é muito difícil e a gente quer tirar isso da agenda eleitoral. É uma agenda de Brasil, não é uma agenda de eleição.
Há possibilidade de processo criminal contra os responsáveis por casos de desaparecimento, o que não é bem visto por setores militares?
A
Comissão da Verdade, entendemos, é um instrumento limitado quanto à questão da Justiça. Não visa a uma atitude de Justiça. Mas a primeira Justiça, e a que é insuperável, é o direito à verdade e à memória.
O Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, que determinou que a Lei de Anistia não vale para os torturadores e assassinos do regime. Como isso será tratado pela Comissão?
A revisão da
Lei de Anistia não está na agenda do governo. E digo mais: se rompêssemos este pacto que foi instituído, em torno do qual já está sendo construído o consenso, não chegaríamos nem à Comissão da Verdade. O que está na nossa alçada, neste momento, é
Comissão da Verdade e da Memória.
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Comissão da Verdade. "É um instrumento limitado". diz Maria do Rosário - Instituto Humanitas Unisinos - IHU