03 Setembro 2011
O peso da organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) foi repartido entre o Vaticano e Madri. Na Espanha, o principal responsável foi Yago de la Cierva, enquanto que na Santa Sé seu homólogo foi o sacerdote Eric Jacquinet. À frente da Seção Jovens do Pontifício Conselho para os Leigos, departamento da Santa Sé que promove estas Jornadas Mundiais, Jacquinet propõe Cristo como solução para a "grave crise econômica e moral" que a nossa sociedade atravessa.
Eric Jacquinet, 48 anos, é membro da Comunidade do Emanuel, ligada ao movimento Renovação Carismática. Desde 2008, coordena a Seção Jovens do Pontifício Conselho para os Leigos. Licenciado em Engenharia e Teologia, antes de desembarcar em Roma foi pároco em uma igreja de Lyon. Ali manteve contato com a pastoral da juventude.
A entrevista é de Darío Menor e está publicado no jornal espanhol La Razón, 02-09-2011. A tradução é do Cepat.
Eis a entrevista.
O que diria a um jovem espanhol que se esqueceu de Cristo?
Diria a ele que deve pensar no modo de construir sua vida. Esta se constrói através de momentos em que pensamos e nos sentamos com outros para ver qual é o nosso desejo de fundo. Qual é a realmente? A JMJ, junto com tanto outros espaços da Igreja, é um modo de enfrentar estas perguntas. Vejo muitos jovens perdidos e os "indignados" são o testemunho disso. Nós estamos enfrentando uma grave crise econômica e moral na Espanha e em outros países e devemos nos juntar para ver como seguir em frente. Este é o fundo da proposta do Santo Padre. Ele não faz uma grande festa para os jovens por gosto, o que faz é preocupar-se com os jovens que necessitam encontrar seu caminho.
Por que Jesus pode ser a resposta para a situação vivida pelos jovens?
Sei que a situação é difícil. E sei que a fé em Cristo é a solução. Não se trata de uma resposta mística, fora da realidade. Se você está doente e não houver nenhum médico que possa curá-lo, Cristo está com você. Eu mesmo fiz esta experiência. Embora não haja contratatações hoje na Espanha e em outros países europeus, sei que há trabalho. Sempre há pessoas que necessitam de nós.
Como explica que países como a Espanha tenham chegado a esta situação em que os jovens parecem não ter futuro?
Uma das grandes preocupações de Bento XVI é a falta de Deus no ambiente europeu. Este drama é a causa de todos os males da sociedade na Europa. O problema da Espanha não é só o desemprego, é um problema social. Pouco a pouco Cristo dará forças, como o fez em outros momentos, como ocorreu na Polônia nos anos 1980, quando os cidadãos encontraram a força para se libertar dos políticos que não buscavam o bem de todos. A força é do povo e quando se trabalha com Deus, a sociedade será capaz de encontrar dentro dela as pessoas que a guiarão com sabedoria. Quando se lê a história dos últimos 20 séculos dos países europeus, vê-se que a acolhida do Evangelho ajudou o crescimento social, cultural e também econômico. Há um mapa do cristianismo e um mapa dos países desenvolvidos que se sobrepõem. O Evangelho é uma ferramenta de desenvolvimento econômico e cultural da sociedade.
Você pensa que participar da JMJ pode ter mudado a vida de muitos jovens?
Muitos me disseram que foi uma etapa fundamental. Há aqueles que dizem que a JMJ é apenas um evento. É preciso recordar que o encontro dos discípulos de Emaús também foi apenas um evento e mudou suas vidas. O mesmo acontece ao encontrar Jesus através do Evangelho: pode mudar sua vida. Não é algo automático nem imediato, mas acontece. João Paulo II definia a JMJ como um encontro com Cristo na Igreja. É uma peregrinação na qual rezamos juntos e escutamos a palavra de Deus. O coração se abre no encontro com os outros.
Você pensa que a JMJ irá marcar um ponto de inflexão na crise vocacional do Ocidente?
As JMJ precedentes ajudaram no crescimento de vocações religiosas. Muitos sacerdotes dizem que a participação em uma JMJ foi uma etapa importante em seu processo de decisão.
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"Os "indignados’ são o testemunho de que muitos jovens estão perdidos" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU