12 Agosto 2011
Está provocando fortes protestos na Igreja Católica da Alemanha a decisão da Conferência Episcopal alemã de abrir os arquivos das dioceses a um grupo de pesquisadores externos, que terão a tarefa de investigar os casos de abuso sexual ocorridos no passado nos ambientes eclesiásticos.
A reportagem é de Alessandro Alviani, publicada no sítio Vatican Insider, 11-08-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A iniciativa dos bispos é "extremamente duvidosa, seja no plano jurídico, seja no plano humano" e viola "o ordenamento eclesiástico sobre a proteção dos dados pessoais", criticou a Rede dos Padres Católicos, um grupo de cerca de 500 sacerdotes, em sua maioria de orientação conservadora. A Conferência Episcopal deveria abandonar o projeto, é o seu pedido.
Um dos porta-vozes da Rede, Guido Rodheudt, sacerdote de Herzogenrath (perto de Aachen), lembrou à revista Der Spiegel que, "mesmo no direito do trabalho normal, os sujeitos terceiros não têm direito à entrega de arquivos pessoais". É justo lançar luz sobre os casos de abuso e impedi-los, continuou Rodheudt. No entanto, assim, são violados de forma grave os direitos dos religiosos, porque "a sua esfera privada é entregue nas mãos de terceiros".
A rede, que atua em todo o território alemão, já recebeu muitas denúncias, lembra a Spiegel. De sua parte, o grupo pode reivindicar um posicionamento do professor emérito de direito canônico, Winfried Aymans, segundo o qual existe o risco de que, sobre todos os padres, os diáconos e os expoentes das ordens paire a suspeita generalizada de terem cometido abusos pedófilos. Trata-se de um "sinal equivocado" dirigido à opinião pública e de uma "inaudita violação da relação de confiança entre os eclesiásticos e os seus bispos", observa Aymans. De acordo com a Spiegel, a Conferência Episcopal alemã pretende respeitar os padrões comuns com relação à defesa dos dados pessoais.
Na metade de julho, foram apresentados dois estudos encomendados pela Conferência Episcopal, voltados a lançar luz sobre os casos de abuso sexual contra menores de idade, a reconstruir a atitude mantida pela Igreja Católica diante desses acontecimentos e a traçar um perfil psicológico dos sacerdotes culpados.
No âmbito de um dos dois estudos, conduzido pelo Instituto de Pesquisa Criminológica da Baixa Saxônia (KFN), as dioceses irão abrir os seus arquivos referentes ou aos últimos dez anos (é o caso de 18 das 27 dioceses), ou ao período entre 1945 e 2010 (nas restantes nove dioceses, incluindo as de Munique e de Stuttgart).
Em todo caso, lembrou o diretor do KFN, Christian Pfeiffer, os pesquisadores do KFN não poderão folhear diretamente os arquivos guardados nas dioceses, já que "isso seria problemático do ponto de vista do direito canônico". Ao contrário, as pesquisas serão realizadas pelos arquivistas das dioceses, apoiados por promotores e juízes aposentados, nomeados pelo KFN. Somente depois os dados relativos aos casos suspeitos serão disponibilizados aos pesquisadores.
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Conservadores católicos contra decisão dos bispos alemães de abrir os arquivos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU