03 Agosto 2011
O comitê administrativo dos bispos dos Estados Unidos, em março passado, autorizou por unanimidade a publicação de uma polêmica declaração de sua comissão doutrinal que repreendia um livro da teóloga católica Elizabeth Johnson, da Fordham University, em Nova York.
A reportagem é de Thomas C. Fox, publicada no sítio National Catholic Reporter, 02-08-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
De acordo com uma carta do dia 7 de julho escrita pelo presidente da Conferência dos Bispos dos EUA, o arcebispo Timothy M. Dolan, de Nova York, o comitê administrativo "discutiu tanto o conteúdo quanto os procedimentos que levaram à declaração", que foi emitida pela comissão de doutrina dos bispos em abril.
Dolan enviou a carta para John E. Thiel, presidente da Sociedade Teológica Católica dos Estados Unidos, depois que a sociedade emitiu uma resolução crítica ao tratamento dado pelos bispos à matéria. Os teólogos, no encontro anual da sociedade em junho, em San Jose, na Califórnia, pediram que os bispos formassem uma comissão para investigar os procedimentos que levaram à censura ao livro de Johnson Quest for the Living God: Mapping Frontiers in the Theology of God.
A carta de Dolan foi o primeiro reconhecimento público de que o comitê administrativo deu a sua autorização para que a crítica a Johnson fosse publicada. O comitê administrativo é composto por 36 bispos, a maioria presidentes das comissões da conferência. O órgão dirige os trabalhos da conferência dos bispos entre as suas sessões plenárias.
Em sua carta, Dolan disse a Thiel, professor da Universidade de Fairfield, em Connecticut, que todas as declarações propostas pelas comissões dos bispos precisam da aprovação do comitê administrativo para serem publicadas.
A crítica da comissão de doutrina, que afirmou que Quest for the Living God mina os Evangelhos e apresenta uma teologia católica inautêntica, desencadeou uma tempestade de críticas entre os teólogos. Johnson, religiosa das Irmãs de São José, é muito reconhecida pelos seus colegas e é vista como uma teóloga católica tradicional, meticulosa em sua pesquisa e clara em suas apresentações. As conclusões da comissão, incluindo as detalhadas críticas capítulo a capítulo, pegaram muitos educadores de surpresa.
Muitos teólogos dos EUA, incluindo o conselho administrativo da Sociedade Teológica Católica dos Estados Unidos, saíram em defesa de Johnson. Eles criticaram os procedimentos da comissão de doutrina – que nunca contatou Johnson durante o seu estudo de um ano – e suas conclusões teológicas.
No encontro da sociedade em junho, os membros aprovaram com ampla maioria uma resolução recomendando que os bispos dos EUA estabelecessem uma comissão para avaliar os procedimentos que levaram à crítica da comissão de doutrina. Por uma votação de 147 a um, a sociedade aprovou a resolução, que afirmou lamentar profundamente as ações dos bispos. A resolução afirmava que os bispos não seguiram os procedimentos apropriados em sua investigação – procedimentos que os bispos aprovaram em 1989 em um documento que visava resolver silenciosamente os conflitos entre bispos e teólogos.
Polêmicas entre bispos e teólogos
Em sua carta a Thiel, Dolan rejeitou a sugestão dos teólogos a estabelecer uma comissão. Ele escreveu que, depois de consultar o conselho, ele havia concluído que a afirmação de que os bispos não tinham seguido os procedimentos adequados "é um tanto imprecisa". Referindo-se ao documento de 1989, chamado de Responsabilidades Doutrinárias, Dolan disse que o texto se destina a lidar com as controvérsias entre os bispos e os teólogos locais e não diz respeito ao trabalho da comissão doutrinal dos bispos dos EUA.
"Como você provavelmente sabe, esse documento orienta, ao contrário, o trabalho de bispos diocesanos individuais e não pretende oferecer orientações para a comissão de doutrina dos bispos. Dito isso, nós, bispos, sempre devemos estar atentos a melhorar a forma pela qual nos envolvemos com os teólogos em uma necessária discussão do seu trabalho".
Sob fogo cruzado depois de emitir suas conclusões, a comissão de doutrina havia defendido o seu tratamento dado à questão Johnson, dizendo que o livro havia sido publicado há três anos, que estava sendo usado amplamente em colégios e seminários, e que a comissão estava sob pressão para fazer uma avaliação. A comissão sugeriu que a polêmica poderia ter sido facilmente evitada se Johnson tivesse levado o seu livro ao seu bispo local para a sua aprovação oficial, chamada de imprimatur.
Respondendo à comissão de doutrina, Johnson ofereceu em junho uma defesa detalhada do seu livro. Dolan disse a Thiel que a resposta de Johnson está agora sob consideração por parte dos bispos.
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Censura ao livro de teóloga dos EUA foi aprovada pelos bispos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU