02 Agosto 2011
Roma intervém para resolver uma disputa entre monges beneditinos italianos e uma diocese croata.
A reportagem está publicada no sítio Vatican Insider, 02-08-2011. A tradução é do Cepat.
Passaram-se pouco menos de dois meses desde a exitosa viagem de Bento XVI à Croácia e as relações entre o Vaticano e Zagreb se veem azedadas por causa de um antigo contencioso imobiliário. Em Zagreb não gostaram do fato de que o Vaticano tenha recentemente suspenso temporariamente o Bispo de Porec e Pula, dom Ivan Milovan, e o tenha substituído por um comissário enviado por Roma durante o tempo necessário para assinar um acordo que colocava fim a um contencioso nascido entre a diocese croata e os beneditinos italianos por causa de um antigo mosteiro em Dajla, na Istria. Desde o dia 30 de julho deste ano, a imprensa croata está ecoando este incidente fora do comum enquanto que os diplomatas de ambas as partes começaram a buscar um acordo.
Durante os últimos dias, a imprensa croata fez saber que durante o mês de julho, Bento XVI suspendeu “por um minuto” o bispo de Porec e Pula, substituindo-o temporariamente por um prelado enviado por Roma para acabar com um contencioso entre a diocese e a ordem dos beneditinos envolvendo a propriedade do Mosteiro de Dajla, que foi confiscado pelo regime comunista e depois restituído à diocese.
O acordo prevê uma indenização de seis milhões de euros e a restituição dos bens.
Segundo a imprensa, o prelado espanhol dom Santos Abril y Castello, vice-camerlengo e ex-núncio nos Bálcãs, teria sido nomeado por Bento XVI apenas durante o tempo necessário para a assinatura do acordo que pôs fim ao contencioso. Dentro da diocese, há quem reprove Roma por não levar em conta os tratados internacionais e por ter posto a instituição em perigo de bancarrota. Aponta-se o dedo particularmente sobre o cardeal Secretário de Estado Tarcisio Bertone. A Santa Sé poderá em breve tornar público um comunicado sobre deste assunto.
As autoridades locais de Istria, por sua vez, acusam a Itália e alguns responsáveis da Igreja católica da península de querer revisar o Tratado de Osimo de 1975, que definiu as fronteiras da Iugoslávia. O embaixador da Croácia na Santa Sé quis voltar o mais cedo possível a Roma e deveria ser recebido na Secretaria de Estado no dia 02 de agosto, segundo o I.MEDIA. Em Zagreb, o núncio apostólico deveria ser convocado pelo ministério de Assuntos Exteriores. Para terminar, o Primeiro Ministro Jadranka Kosor teve um encontro com dom Ivan Milovan no dia 01 de agosto e lhe assegurou que havia escrito ao Papa e ao secretário de Estado da Santa Sé.
Um mosteiro do século XVIII
Os Beneditinos da Abadia de Praglia (Itália) pretendem deste modo, depois de anos, obter uma indenização considerando que o mosteiro fundado por eles no século XVIII em Dajla e confiscado pelo regime de Tito, terminada a 2ª Guerra Mundial foi restituído depois à diocese de Porec e Pula.
Mas a solicitação dos beneditinos foi rechaçada na primeira vez pelas autoridades croatas porque de acordo com o Tratado de Osimo entre Roma e Belgrado, a Abadia de Praglia havia sido indenizada com a soma de 1,7 bilhão de liras (cerca de 878.000 euros) pelo Estado italiano.
Em 2006, os beneditinos italianos pediram 30 milhões de euros de indenização à diocese de Porec e Pula.
Para evitar, pois, um longo processo, uma comissão levou a cabo uma negociação da qual participaram o cardeal italiano Attilio Nicora, que então era o presidente da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica e o arcebispo de Zagreb, o cardeal Josip Bozanic. A comissão deliberou a favor dos beneditinos, pedindo à diocese croata e à paróquia de Dajla que entregou seis milhões de euros à Abadia de Praglia e que restituía os bens. Não obstante, o bispo se teria negado a assinar o acordo e teria solicitado a intervenção de Bento XVI. Diante da negação do bispo de assinar o acordo, o Papa teria escolhido um método bastante fora do comum.
Desde quando este assunto começou, algumas terras do mosteiro foram vendidas. Esta é a causa pela qual os beneditinos italianos pedem uma indenização de seis milhões de euros e a restituição dos bens ainda existentes.
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A declaração do Vaticano sobre o mosteiro de Dajla, na Croácia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU