23 Julho 2011
Na China, a comunidade da Igreja Católica aprovada pelo governo planeja ordenar "pelo menos sete" novos bispos para as dioceses do território continental, quando "as circunstâncias o permitirem". É o que disse um alto funcionário da Associação Patriótica Católica Chinesa (CCPA).
A reportagem é de Gerard O`Connell, publicada no sítio Vatican Insider, 22-07-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Joseph Guo Jiancai, vice-presidente da CCPA, a entidade estatal criada pelas autoridades comunistas em 1950 para gerir a Igreja Católica na China continental, anunciou a notícia durante uma entrevista exclusiva publicada hoje pelo jornal China Daily.
O jornal financiado pelo Estado, publicado em chinês e inglês, apoia e reflete a política oficial do governo. A notícia foi publicada na primeira página.
Guo revelou que as igrejas locais estão se preparando para a consagração dos bispos designados para sete dioceses, mas não especifica de que dioceses se trata, nem forneceu um calendário das ordenações, porque o trabalho preliminar é "complicado e envolve diversos sujeitos".
Ele explicou que os candidatos a bispo devem apresentar as suas solicitações à comissão local para assuntos religiosos. Caberá depois a essa entidade aprovar a cerimônia de ordenação. Além disso, declarou Guo, os bispos de outras dioceses devem coordenar os seus compromissos para participar da cerimônia.
O Vaticano Insider apreendeu que a maior parte dos sete ou mais candidatos que estão à espera de ser ordenados bispos foram aprovados por Roma e por Pequim, mas dois ou três deles não obtiveram a aprovação da Santa Sé.
Se Pequim insistir em realizar as ordenações dos bispos sem a aprovação do papa, então, revelam as fontes, é provável que cheguem novas excomunhões.
Falando ao China Daily, Zhuo Xinping, diretor do Instituto das Religiões Mundiais da Academia Chinesa das Ciências Sociais, observou que o Vaticano havia excomungado o padre Huang Bingzhang, que havia sido ordenado no dia 14 de julho em Shantou, mas observou que a Vaticano raramente responde de modo tão drástico.
As relações entre a China e o Vaticano poderiam ter decaído a níveis mais baixos a partir de 1950, acrescentou. "Houve ocasiões em que a China celebrou ordenações sem a aprovação papal, mas é raro excomungar um bispo".
O China Daily lembrou que as "já frágeis" relações sino-vaticanas começaram a "se deteriorar" em novembro passado, quando Guo Jincai tornou-se o primeiro bispo a ser ordenado sem a aprovação do papa desde 2006 e que mais tarde foi nomeado como vice-presidente da CCPA.
O jornal relatou que o padre Yang Yu, porta-voz oficial CCPA e da Conferência Episcopal apoiada pelo governo, defendeu a nomeação dos bispos sem a aprovação do Vaticano, dizendo que estava em jogo a "sobrevivência da Igreja".
Mas Yu disse que a CCPA espera melhorar as relações com o Vaticano. Ele lembrou ainda que pelo menos 40 das 97 dioceses católicas do continente chinês não têm um bispo atualmente e declarou que isso dificultou a propagação do Evangelho.
Em entrevistas anteriores publicadas pelo China Daily, o bispo John Fang Xingyao, presidente da CCPA, havia declarado que a eleição dos bispos e a sua consagração representavam "prioridades".
Ele também havia observado que a CCPA encoraja as dioceses sem bispos a eleger seus próprios líderes espirituais, acrescentando que alguns deles estão se preparando para ordenações que seguem procedimentos rigorosos.
Dom Fang, reconhecido pelo Vaticano e por Pequim, participou nas duas últimas ordenações sem o mandato pontifício, no dias 29 de junho e 14 de julho. Depois, o Vaticano excomungou os dois bispos que foram ordenados ilicitamente. Agora, Fang está em um sério risco de sanções e deverá esclarecer a sua posição perante o Vaticano e a sua comunidade diocesana.
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China: mais sete bispos prontos para a ordenação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU