17 Julho 2011
O bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez, qualificou hoje como "uma ofensa gravíssima" contra a Igreja Católica da Nicarágua a "missa revolucionária" com a qual a Frente Sandinista anunciou que irá celebrar o 32º aniversário da queda da ditadura dos Somoza na próxima terça-feira, 19 de julho.
A reportagem é da agência Efe, 16-07-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O religioso defendeu que a primeira-dama nicaraguense e coordenadora do Conselho de Comunicação e Cidadania do governo, Rosario Murillo (na foto, ao lado de Ortega), que fez esse anúncio, ultrapassa "o aceitável".
"Ela está tocando algo muito sagrado. A senhora Murillo ofende gravemente a Igreja Católica e a grande maioria do povo da Nicarágua", disse Báez.
Murillo, que exerce 50% do poder na Nicarágua delegado pelo presidente do país, Daniel Ortega, anunciou na quarta-feira passada que os sandinistas celebração o 32º aniversário da queda da ditadura dos Somoza com uma "grande missa revolucionária" e enchendo-se do "deus dos pobres".
"Para os católicos, a missa e a Eucaristia são o ato mais santo e sagrado que existe. Cristo se torna presente entre nós. Não se pode chamar de missa e de Eucaristia a concentração de um partido político", criticou o bispo.
O religioso disse que, se necessário, a Conferência Episcopal da Nicarágua se pronunciará acerca desse tema.
Segundo declarações publicadas nesta semana pelo sítio governamental El 19, Murillo qualificou de "grande missa revolucionária" a concentração do dia 19 de julho, prevista para as 16h locais, na Plaza de la Fe Juan Pablo II.
"Esse ato do dia 19 de julho de todos os anos é como uma grande missa. Deus me perdoe se eu ofendo alguém, mas é isso. Nós vamos a uma missa revolucionária, vamos cantar, encher-nos do deus dos pobres, do amor ao próximo", assinalou Murillo.
Os sandinistas também celebração nessa data o 50º aniversário da sua fundação.
Por outro lado, dirigentes do chamado Partido de Resistência Liberal Somocista (PRLS), recentemente criado e sem personalidade jurídica, expressaram hoje seu respaldo à candidatura presidencial de Ortega, que buscará a reeleição nos comícios de novembro próximo.
O mandatário nicaraguense lidera todas as pesquisa de intenção de voto para as eleições do dia 6 de novembro, nas quais 3,3 milhões de nicaraguenses estão habilitados para eleger o presidente, vice-presidente, 90 deputados para a Assembleia Nacional e 20 para o Parlamento Centro-Americano.
A Constituição da Nicarágua proíbe a reeleição presidencial sucessiva, mas Ortega conseguiu optar por um segundo mandato consecutivo depois que os juízes sandinistas da Corte Suprema de Justiça declararam inaplicável essa norma.
O dia 19 de julho é feriado e festa nacional na Nicarágua, decretado em 1980, durante o primeiro governo sandinista para recordar a derrubada da dinastia dos Somoza (1937-1979).
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Ortega promoverá uma "missa revolucionária" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU