13 Julho 2011
O bispo espanhol Gonzalo López Maranón, que esteve envolvido em uma disputa que dividiu os católicos de uma província equatoriana, se retira do Equador com a confiança em uma Igreja que conviva com a sociedade, em vez de ser um sistema "autoritário", "inflexível" e "sem piedade".
A reportagem é da agência Efe, 12-07-2011. A tradução é do Cepat.
López Marañón, de 77 anos, dos Carmelitas Descalços, que deixará o Equador nos próximos dias, esteve durante 40 anos na província amazônica de Sucumbíos, nordeste do país na fronteira com a Colômbia, até que no final do ano passado o Papa aceitou a sua renúncia como vigário de Sucumbíos.
Durante este tempo, os Carmelitas Descalços construíram um modelo de igreja com um forte enfoque social, com ativa participação de indígenas, afrodescendentes e mulheres, segundo disse o bispo à Efe.
O Vaticano designou como seu substituto a Rafael Ibarguren, dos Arautos do Evangelho, congregação que chegou à região com uma ideia hierárquica de Igreja, segundo simpatizantes de López Marañón.
A nomeação do novo bispo desatou uma disputa entre partidários de um e outro modelo, que chegaram inclusive às vias de fato.
Para López Marañón, a designação de Ibarguren se deve ao fato de que o conceito de Igreja que se criou em Sucumbíos "não entrar muito na cabeça" daqueles que defendem "estruturas hierárquicas e impositivas".
Quando López Marañón chegou a Sucumbíos "não havia nada", posto que então era uma região de selva com uma incipiente atividade petroleira, ao passo que agora a província conta com serviços melhores, em parte graças ao trabalho dos Carmelitas.
"Alguns acreditam que a vida seja apenas o social, estão equivocados, ou que seja apenas o espiritual, estão equivocados. A vida é a vida, somos pessoas com pés e com uma alma que não se satisfaz", expôs.
Depois do conflito desencadeado em Sucumbíos, tanto os Carmelitas como os Arautos foram expulsos da região e agora há um vigário da Conferência Episcopal do Equador, Dom Ángel Polibio Sánchez.
No final de maio, López Marañón se instalou em um parque de Quito e começou uma greve de fome que durou 24 dias para pedir a reconciliação entre os habitantes de Sucumbíos. Depois disso, interrompeu a greve de fome porque, na sua opinião, Polibio Sánchez "está melhorando" a situação, embora tenha enfatizado que este bispo sofre "muitas pressões" e está "muito condicionado".
López Marañón disse que o fato de que não possa voltar para Sucumbíos "é divertido no sentido amargo da palavra", mas não "traumático" porque ele se sente "livre e feliz".
Por enquanto, o sacerdote retorna à Espanha, à casa que os Carmelitas têm em Ávila, onde fará um ano sabático, durante o qual, diz, se lembrará de Sucumbíos e de seu povo.
López Marañón destacou que, em seus anos na selva, aprendeu muitas coisas que não conhecia na Espanha, onde teve uma vida mais protegida.
"Aprendi a ver a realidade com outros olhos, o caminho para a liberdade, a não ter medo de nada, a querer as pessoas simples, a olhar para o fundo das pessoas, (...) aprendi que a vida é um tecido entre o espírito e o material, aprendi a ser um humano mais completo", ressaltou.
Para López Marañón ir para a Amazônia é "voltar ao paraíso, onde tudo ferve e cresce", e mesmo que por enquanto não possa voltar para lá, se sente "muito feliz" por ter vivido neste pedacinho de éden.
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Dom López Marañón deixa o Equador e retorna à Espanha - Instituto Humanitas Unisinos - IHU