Dom López Marañón deixa o Equador e retorna à Espanha

Mais Lidos

  • Diaconato feminino: uma questão de gênero? Artigo de Giuseppe Lorizio

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS
  • Advento: novo tempo para escutar novas vozes. Comentário de Adroaldo Paloro

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

13 Julho 2011

O bispo espanhol Gonzalo López Maranón, que esteve envolvido em uma disputa que dividiu os católicos de uma província equatoriana, se retira do Equador com a confiança em uma Igreja que conviva com a sociedade, em vez de ser um sistema "autoritário", "inflexível" e "sem piedade".

A reportagem é da agência Efe, 12-07-2011. A tradução é do Cepat.

López Marañón, de 77 anos, dos Carmelitas Descalços, que deixará o Equador nos próximos dias, esteve durante 40 anos na província amazônica de Sucumbíos, nordeste do país na fronteira com a Colômbia, até que no final do ano passado o Papa aceitou a sua renúncia como vigário de Sucumbíos.

Durante este tempo, os Carmelitas Descalços construíram um modelo de igreja com um forte enfoque social, com ativa participação de indígenas, afrodescendentes e mulheres, segundo disse o bispo à Efe.

O Vaticano designou como seu substituto a Rafael Ibarguren, dos Arautos do Evangelho, congregação que chegou à região com uma ideia hierárquica de Igreja, segundo simpatizantes de López Marañón.

A nomeação do novo bispo desatou uma disputa entre partidários de um e outro modelo, que chegaram inclusive às vias de fato.

Para López Marañón, a designação de Ibarguren se deve ao fato de que o conceito de Igreja que se criou em Sucumbíos "não entrar muito na cabeça" daqueles que defendem "estruturas hierárquicas e impositivas".

Quando López Marañón chegou a Sucumbíos "não havia nada", posto que então era uma região de selva com uma incipiente atividade petroleira, ao passo que agora a província conta com serviços melhores, em parte graças ao trabalho dos Carmelitas.

"Alguns acreditam que a vida seja apenas o social, estão equivocados, ou que seja apenas o espiritual, estão equivocados. A vida é a vida, somos pessoas com pés e com uma alma que não se satisfaz", expôs.

Depois do conflito desencadeado em Sucumbíos, tanto os Carmelitas como os Arautos foram expulsos da região e agora há um vigário da Conferência Episcopal do Equador, Dom Ángel Polibio Sánchez.

No final de maio, López Marañón se instalou em um parque de Quito e começou uma greve de fome que durou 24 dias para pedir a reconciliação entre os habitantes de Sucumbíos. Depois disso, interrompeu a greve de fome porque, na sua opinião, Polibio Sánchez "está melhorando" a situação, embora tenha enfatizado que este bispo sofre "muitas pressões" e está "muito condicionado".

López Marañón disse que o fato de que não possa voltar para Sucumbíos "é divertido no sentido amargo da palavra", mas não "traumático" porque ele se sente "livre e feliz".

Por enquanto, o sacerdote retorna à Espanha, à casa que os Carmelitas têm em Ávila, onde fará um ano sabático, durante o qual, diz, se lembrará de Sucumbíos e de seu povo.

López Marañón destacou que, em seus anos na selva, aprendeu muitas coisas que não conhecia na Espanha, onde teve uma vida mais protegida.

"Aprendi a ver a realidade com outros olhos, o caminho para a liberdade, a não ter medo de nada, a querer as pessoas simples, a olhar para o fundo das pessoas, (...) aprendi que a vida é um tecido entre o espírito e o material, aprendi a ser um humano mais completo", ressaltou.

Para López Marañón ir para a Amazônia é "voltar ao paraíso, onde tudo ferve e cresce", e mesmo que por enquanto não possa voltar para lá, se sente "muito feliz" por ter vivido neste pedacinho de éden.