Presidente fez acerto para não virar refém

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

12 Julho 2011

Sem alarde, o Palácio do Planalto montou uma operação para conter o mal-estar no PR e não ceder a pressões de parlamentares. A presidente Dilma Rousseff combinou o jogo com o senador Blairo Maggi (PR-MT), enfrentou a bancada do PR na Câmara e agiu para mostrar que não será refém da base aliada no Congresso. Nesse clima, ela promoverá hoje uma confraternização com os aliados, em clima de happy hour, no Palácio da Alvorada.

O comentário é de Vera Rosa e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 13-07-2011.

A estratégia, às vésperas do recesso parlamentar, deu resultado: na tarde de ontem, o Planalto comemorava o depoimento, na Comissão de Infraestrutura do Senado, do diretor afastado do Dnit, Luiz Antonio Pagot.

Apresentado por alguns companheiros como "homem bomba", depôs durante quatro horas, diante dos senadores, elogiou Dilma e em nenhum momento pôs a faca no pescoço do governo. Amigo de Maggi, que recusou convite para ser ministro dos Transportes, Pagot quis mostrar seu poder de "colaboração" com o governo. Em troca, o PR espera compensações: perdeu o ministro Alfredo Nascimento, no rastro das denúncias de corrupção que atingiram os Transportes, mas quer de volta o comando do Dnit e da Valec, a estatal de ferrovias.

Dilma já avisou que Pagot não volta, mas encarregou a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT), das negociações com o PR. A presidente quis dar uma demonstração de força ao escolher Paulo Sérgio Passos para o lugar de Nascimento, sem avisar a cúpula do PR. Embora Passos seja filiado, o partido não o queria na cadeira e avalia que a escolha foi da "cota pessoal" de Dilma. "Não temos nada contra Paulo Sérgio Passos. O nosso desconforto é com a maneira de o governo tratar a base", argumentou o líder do PR, Lincoln Portela (MG).

À tarde, deputados do PR diziam que não vão comparecer hoje ao coquetel oferecido por Dilma no Alvorada. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), entrou em campo. "Fiz um apelo para que o PR vá. É um gesto importante da presidente." O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e o do PTB, Jovair Arantes (GO), também procuraram lideranças do PR para apagar o incêndio político.

O gesto de Dilma ao anunciar Passos à revelia do PR na Câmara foi cuidadosamente planejado - para evitar comentários de que cedia ao "toma lá dá cá" à véspera de Pagot depor. "Mas o PR não precisa se preocupar porque o PT não vai reivindicar cargos no Dnit e na Valec", disse ao Estado um petista com trânsito no Planalto.