A presidente
Dilma Rousseff interveio pessoalmente para poupar seu governo de um "depoimento-bomba" do diretor-geral licenciado do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit),
Luiz Antonio Pagot, hoje, a três comissões do Senado.
A reportagem é de
Mauro Zanatta e publicada pelo jornal
Valor, 12-07-2011.
O senador
Blairo Maggi (PR-MT) esteve ontem no Palácio do Planalto para "tranquilizar" a presidente sobre o teor das declarações de
Pagot aos senadores. "Não vai ser nada traumático. Ele não vai colocar mais fogo no que já está quente", afirmou
Maggi ao Valor. "Ele vai explicar como funciona o Dnit e como se inclui uma obra na programação", disse.
Braço-direito e amigo de Maggi,
Pagot está em férias, mas não deve voltar ao cargo. Está afastado desde a publicação, na revista "Veja", de denúncias de superfaturamento e cobrança de propina em obras do Ministério dos Transportes, Pasta à qual o Dnit é vinculado.
Aos senadores,
Pagot rejeitará a existência de superfaturamento nas obras do Dnit sob sua jurisdição. "Não existe superfaturamento de obra. É como alguém que vai a uma loja comprar um carro básico de, digamos, R$ 10 mil e pede para incluir itens opcionais, como ar condicionado e banco de couro. Aí, já pagou mais caro", disse
Maggi. "O
Pagot vai mostrar que essas obras ditas superfaturadas tiveram elevação de preços por causa de mudanças nas exigências técnicas ou ambientais, por exemplo".
No depoimento ao Senado, O diretor-geral licenciado do Dnit também deve dar alguns recados ao governo e a parlamentares mais aguerridos, inclusive da oposição. "Ele vai mostrar que o processo inclui pleitos. Depois, a avaliação da necessidade e, aí, o governo coloca a obra na programação, faz os projetos, promove a licitação e bota para trabalhar", disse
Maggi.
Pagot explicará, segundo seu padrinho político, o fluxograma das obras e o organograma do Dnit para "esclarecer" que não tem "nada a esconder" dos órgãos de controle.
Maggi e o
PR tentam "limpar" o nome de
Pagot ao tentar a desvinculação de sua atuação da ação do grupo mais próximo do ex-ministro
Alfredo Nascimento - seu ex-chefe de gabinete
Mauro Barbosa, o ex-assessor
Luiz Tito Bonvini e o presidente da estatal Valec,
José Francisco das Neves, o
Juquinha.
Empresário rural e agroindustrial,
Maggi declinou ontem, em encontro com
Dilma, do convite para assumir o Ministério dos Transportes. O senador expôs motivos "de ordem ética" para sua recusa e alegou "conflito de interesses" entre as atividades do ministério e
Grupo André Maggi, conglomerado empresarial construído por seu pai. "Agradeci e ficamos de ajudar no que for necessário", disse. "Tenho impedimento de ordem ética porque, além de tudo o que já tinha dito, a
Antaq [agência de transportes aquaviários] é vinculada ao ministério. Como temos a Hermasa Navegação, não poderia ser empresário e depender da Antaq para regulamentar minha empresa", afirmou.
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Presidente intervém para conter Pagot - Instituto Humanitas Unisinos - IHU