06 Julho 2011
Não apenas os melhores passos da nossa imaginação estarão presentes na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) deste verão de 2011. Uma das grandes contribuições da Igreja espanhola para a evangelização da América, as Reduções Jesuíticas, também estarão presentes em Madri.
A reportagem está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 04-07-2011. A tradução é do Cepat.
As Reduções ou Missões Jesuíticas do Paraguai (1609-1769) foram assentamentos de índios guaranis idealizados pelos padres da Companhia de Jesus nas terras conquistadas por Portugal e Espanha, com o objetivo de salvaguardar sua identidade de pessoas e de vassalos da coroa.
Assim, os povos indígenas que viviam de acordo com seus antigos costumes, nas montanhas, em pequenos grupos, muito distantes entre si, se reuniram por iniciativa dos jesuítas para formar assentamentos de cerca de 5.000 índios cada um. As reduções eram verdadeiros povos "civilizados" que construíram organizações para prover sua subsistência (agricultura, pecuária, confecção de roupas), sua organização social (conselho, corregedor, prefeitos, juízes...) e cultural (educação, arquitetura, escultura, música, e até a ciência...), assim como sua espiritualidade (estes povos considerados pelos conquistadores como selvagens receberam a fé através dos missionários).
Muitos recordarão com facilidade o que eram as reduções pelas imagens do filme A Missão, do diretor Rolando Joffé (1986), protagonizado, entre outros, por Robert De Niro e Jeremy Irons.
As reduções não foram originárias dos jesuítas, mas dos franciscanos. Mas a sua contribuição consistiu na especial sensibilidade para com muitos aspectos da cultura guarani, que trabalharam por defender e perpetuar e que se converteram no eixo da concepção das Reduções.
As Reduções têm um contexto complexo que poderá ser contemplado mais detalhadamente no decorrer da Exposição. Elas têm a ver com a encomenda, sistema colonizador que, com frequência, podia ser uma escravidão encoberta; e têm a ver com o forte desejo evangelizador de missionários e colaboradores que, no exercício de sua missão, nem sempre acertaram em respeitar a identidade guarani, mas em defender sua liberdade e dignidade, pois em muitas ocasiões as Reduções foram a única via para salvaguardá-los.
No total, chegaram a existir 30 reduções dos povos guaranis, que se estenderam entre os Rios Paraná e Uruguai em um vasto território que compreendia regiões que hoje fazem parte do Paraguai e também da Argentina (Corrientes, Misiones, Entre Ríos e parte das províncias do Chaco e Formosa); o sul e o centro-oeste do Brasil (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul); o sudeste da Bolívia e Uruguai. Esta exposição, embora se refira a todas elas, se detém mais naquelas reduções situadas no atual território paraguaio.
As Reduções Jesuíticas não se limitaram aos guaranis; houve também reduções de povos indígenas como as de moxos (1682) e chiquitos (1691) (Bolívia), de maynas (1637) (Equador-Peru), do Orinoco (1730 (Venezuela) e também houve Reduções no Chile.
A Exposição
Há meses, a Companhia de Jesus e a JMJ estão trabalhando nesta mostra que será uma das grandes exposições que será oferecida aos jovens que acorrerem em agosto a Madri para o encontro com o Papa. Intitulada "As Reduções Jesuíticas do Paraguai, uma fascinante aventura que perdura no tempo", explicará como a paixão pela transmissão da Boa Notícia de Jesus, que impulsionou os missionários jesuítas dos séculos XVII-XVIII, segue viva ainda hoje na Companhia de Jesus e em toda a nossa Igreja.
Os jesuítas foram e são enviados às fronteiras, "sob o Pontífice romano", como aconteceu recentemente com Bento XVI, em sua Congregação Geral (2008) passada.
As Reduções são consideradas um momento apaixonante do impulso missionário que produziu quase 160 anos (1609-1769) de uma fecunda evangelização entre o povo Guarani. Estamos certos de que a magia daquela experiência contagiará os visitantes.
A Paróquia jesuíta de São Francisco de Borja – Residência Sagrado Coração – acolherá esta bela exposição. A origem desta mostra deve ser buscada naquela organizada pelo padre Aldo Trento, da Fraternidade de São Carlos Borromeu e missionário no Paraguai, no Meeting de Rímini (2009, Itália), organizada pela Comunhão e Libertação. O Cardeal de Madri, dom Antonio María Rouco Valela, presente em Rímini e admirado com a força testemunhal da Exposição quis que fosse trazida para Madri, para a JMJ.
Na ocasião, a Exposição acolhe alguns elementos da Mostra de Rímini, mas foi a Companhia de Jesus que assumiu grande parte da organização, introduzindo numerosas novidades: nova disposição física, novos painéis e uma presença intensa da música jesuítica tanto entre os Guarani (Paraguai), como entre os Chiquitos e Moxos (atual Bolívia). Para isso contamos com a inestimável ajuda de nossos companheiros jesuítas do Paraguai e da Embaixada do Paraguai em Madri.
Assim mesmo, sua realização não teria sido possível sem o patrocínio da Fundação Endesa, que se dedica à promoção da pesquisa, cooperação para o desenvolvimento econômico-social e a defesa do meio ambiente nas zonas e comarcas espanholas onde exerce sua atividade, à iluminação de monumentos do patrimônio histórico-artístico e, à realização de atividades culturais nas áreas em que desempenha sua atividade internacional, especialmente a América Latina.
O Comissário da Exposição, por parte da JMJ, é dom Faustino Giménez Arnau, e o diretor, por parte da Companhia, é o jesuíta Enrique Climent S.J.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
As Reduções Jesuíticas do Paraguai estarão na JMJ - Instituto Humanitas Unisinos - IHU