30 Junho 2011
Os bispos católicos do Estado de Nova York continuam criticando a aprovação, por esse Estado, do casamento gay nesta semana. Um dos bispos convidou que as escolas e outras instituições católicas evitem contatos com os legisladores em protesto contra o voto.
A reportagem é de Elizabeth Tenety, publicada no sítio do jornal The Washington Post, 27-06-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em um artigo deste domingo no jornal New York Daily News, Nicholas DiMarzio, bispo de Brooklyn, pediu que os membros de sua diocese "não concedam ou aceitem honras, nem ofereçam um palanque de qualquer tipo para qualquer oficial estadual eleito, em todas as nossas paróquias e igrejas ao longo do futuro próximo", uma declaração que pode sinalizar uma nova era nas relações Igreja-Estado no Empire State.
Os bispos católicos já disputaram batalhas de alto perfil com autoridades públicas que apoiam posições políticas contrárias à doutrina oficial da Igreja. O campo de batalha anterior se limitou, em grande parte, aos debates sobre o direito à vida, que é visto dentro do catolicismo como um valor primário e inviolável (os católicos, ensina a Igreja, não podem votar em políticos pro-choice [que defendem o direito a abortar], exceto por "razões graves"). Mas a novidade é que os líderes da Igreja, como DiMarzio, incluiriam a legislação sobre os direitos dos homossexuais como causa suficiente para ostracizar políticos.
Portanto, os políticos católicos representam seus eleitores ou a Igreja?
O senador John Kerry (democrata de Massachusetts) personificou esse debate em 2004, quando, durante sua campanha a presidente, diversos bispos disseram que sua política pro-choice tornava-o inelegível para a comunhão. Kerry disse que, embora sendo moralmente contra o procedimento, ele não sentia que era seu papel impor essa crença sobre seus eleitores. Segundo uma matéria de 2004 do Washington Post, ele teria dito:
"Eu me oponho ao aborto, pessoalmente. Eu não gosto do aborto. Acredito que a vida inicia na concepção. (...) Eu não posso usar a minha crença católica, o meu artigo de fé, para legislar contra um protestante ou um judeu ou um ateu. Temos a separação entre Igreja e Estado nos Estados Unidos da América".
Essa é essencialmente a mesma abordagem articulada pelo senador Mark Grisanti (republicano de Buffalo) em um discurso na tribuna do Senado de Nova York na noite de sexta-feira. Grisanti disse que, mesmo que a sua fé católica tenha lhe ensinado que o casamento é entre um homem e uma mulher, ele não representa o catolicismo na sua política: "Eu não estou aqui como um senador que é apenas católico", disse Grisanti. Por fim, antes de votar em favor do projeto de lei, o senador concluiu que os gays tinham direito "aos mesmos direitos que eu tenho com a minha esposa".
A Igreja ou os eleitores deveriam esperar que os legisladores católicos sigam a linha da Igreja? Para os legisladores, onde terminam as crenças pessoais e onde começam os valores públicos?
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Bispos de Nova York pedem que se evitem os legisladores favoráveis ao casamento gay - Instituto Humanitas Unisinos - IHU