16 Junho 2011
O Centro de Estudos Che Guevara, que desde a sua fundação é dirigido pela viúva do guerrilheiro cubano-argentino, Aleida March, decidiu finalmente publicar os diários originais escritos por Ernesto Guevara em pequenos cadernos de anotações durante a luta de Sierra Maestra. Estes cadernos foram a matéria-prima utilizada na elaboração de seu mundialmente famoso Pasages de la guerra revolucionaria, seu grande testemunho, mistura de memória e ensaio, daqueles episódios que começaram na praia de Las Coloradas com o desembarque do iate Granma, no dia 02 de dezembro de 1956, e acabaram no dia 01 de janeiro de 1959 com a fuga do ditador Fulgencio Batista.
A reportagem é de Mauricio Vicent e está publicada no jornal espanhol El País, 14-06-2011. A tradução é do Cepat.
O livro, que foi apresentado nesta terça-feira, 14 de junho, em Havana, coincidindo com a data em que o Che faria 83 anos, é publicado pela editora australiana Ocean Press/Ocean Sur e tem o título Diario de un combatiente. Foi preparado pelo Centro de Estudos Che Guevara, encarregado de salvaguardar a obra e o legado do legendário guerrilheiro. Mas não se deve esperar dele grandes surpresas nem revelações extraordinárias.
Segundo admite em uma nota introdutória da editora, boa parte dos textos já foram publicados, ainda que de forma fragmentária, e, além disso, falta um grupo importante de cadernos de anotações (que abarcam vários meses de luta) que nunca estiveram nas mãos dos arquivos do Centro de Estudos Che Guevara, e cujo paradeiro é desconhecido.
A maior parte das anotações de Guevara nestes cadernos são observações e comentários breves sobre sucessos, combates, escaramuças e fatos que já serviram de matéria-prima para Pasages de la guerra revolucionaria. Contudo, mesmo assim, têm o interesse de manifestar quais foram as primeiras vivências do Che ao entrar em contato com a realidade cubana – até esse momento só conhecia a ilha e sua situação através dos olhos de Fidel Castro, seu irmão Raúl e o resto dos revolucionários cubanos no México –, e como seus pensamentos e suas percepções foram se transformando.
A própria editora adverte que se trata de "notas muitos sucintas", elaboradas "para seu uso pessoal ao não ter tempo naqueles momentos para desenvolvê-las", e inclusive admite que se pode "estar ou não de acordo com algumas observações ou afirmações" de Che.
Os editores também assinalam que nos cadernos há erros ortográficos e imprecisões, devido ao seu desconhecimento inicial da geografia cubana e das "zonas em que se desenvolveram os acontecimentos que se narram", assim como também "existem falhas" nos "nomes de combatentes e datas"; agora, depois de uma "revisão exaustiva", muitas delas foram retificadas.
Tudo isso, unido à falta de páginas importantes dos diários, havia determinado até agora que os manuscritos do comandante não tivessem vindo à luz como "uma totalidade". A decisão de publicá-las neste momento, acompanhadas de "notas e documentos históricos" explicativos, se justifica, segundo o Centro de Estudos Che Guevara, na pretensão de que sirva de "guia instrumental e de motivação para todo aquele que, desde uma visão contemporânea, desejar aproximar-se do significado real" daquela experiência do Che.
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