Há sete anos a sindicalista
Maria Joel Dias da Costa, de 49 anos, conhecida como Joelma, não vai a lugar algum sem a companhia de um policial militar. Mesmo assim, em duas ocasiões, pistoleiros entraram no
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará, município a 370 quilômetros de Belém, para matar a líder rural. "Graças a Deus eu estava com o policial e isso inibe a ação dos bandidos", conta.
A entrevista é de
Luciana Nunes Leal e publicada pelo jornal
O Estado de S.Paulo, 12-06-2011.
Em 2008, Joelma foi incorporada ao
Programa de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos no Pará. Dois policiais militares se revezam na proteção. Joelma assumiu a presidência do sindicato em substituição ao marido,
José Dutra da Costa, o
Dezinho, assassinado em novembro de 2000. Hoje, coordena 19 sindicatos municipais da região.
Eis a entrevista.
Como é a sua vida com proteção dia e noite?
Infelizmente a gente ainda vive essa triste história em pleno século XXI. Foi muito difícil no início, você se relaciona com pessoas que não têm a ver com seu trabalho, vêm de outra relação, de outra concepção. A gente foi se habituando. Os dois que me acompanham têm demonstrado que são bons policiais, graças a Deus.
Como funciona a segurança?
Eles se revezam, ficam direto. Infelizmente é uma situação complicada. O ideal é que um policial dirigisse o carro e outro fizesse a defesa, mas o mesmo que protege é o que dirige. Já aconteceu duas vezes de pistoleiro ir dentro do sindicato para me matar. Eles (os pistoleiros) são atrevidos. Graças a Deus eu estava com o policial e isso inibe a ação do bandido.
Você se sente segura?
Não posso dizer que me sinto segura. A segurança que eu tenho é dizer que luto pela minha vida. Eu quero viver, não quero morrer. Mas cobrar do governo brasileiro que faça justiça, eu vou cobrar. O Estado não cumpre seu papel na investigação das ameaças. Estamos vivendo um clima muito tenso.
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
"O Estado não cumpre seu papel na investigação" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU