06 Junho 2011
Não aos casais de fato. "Essa não é a verdadeira família", diz o Papa. "E a convivência – acrescenta – não ajuda o matrimônio". A homilia de Bento XVI foi toda centrada na instituição familiar no segundo e último dia da sua visita pastoral à Croácia.
A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada no jornal La Repubblica, 06-06-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Um tema que se tornou a pedra angular da sua viagem, junto com a flechada lançada assim que aterrissou em Zagreb contra a Europa, em cuja comunidade a Croácia irá entrar em breve como 28º membro, mas que é "atormentada pela burocracia" e por uma "cultura racionalista".
Diante de 300 mil pessoas reunidas no hipódromo da capital, Joseph Ratzinger, durante a missa, convidou os muitos fiéis católicos do país a não ceder "àquela mentalidade secularizada que propõe a convivência como preparatória ou até substitutiva do matrimônio". E os estimulou a não reduzir o amor a "emoção sentimental", a "pulsões". Porque a "família fundada no matrimônio" – explicou – tem um "valor único e insubstituível", e "é o caminho fundamental" para "vivificar o tecido social".
A família tradicional, acrescentou, é "uma pequena Igreja" em um momento em que a instituição está ameaçada no Ocidente, onde as catedrais se esvaziam e a transmissão da fé aos jovens é cada vez mais difícil. "Caros pais – disse o pontífice –, empenhem-se sempre a ensinar aos seus filhos a rezar, e rezem com eles; aproximem-nos dos sacramentos; não tenha, medo de ler a Sagrada Escritura".
À tarde, Ratzinger se recolheu no túmulo do cardeal Alojzije Stepinac, beatificado por João Paulo II em 1998, apesar das polêmicas sobre o seu papel considerado mudo condescendente com o regime pró-nazista dos ustachas croatas no final da Segunda Guerra Mundial.
Uma associação de vítimas do Holocausto manifestou sua "desilusão" com o gesto do pontífice. "Stepinac – afirmou – foi um defensor zeloso dos ustachas, cujas crueldades foram tão extremas que chocaram até alguns chefes nazistas. O papa fez bem ao condenar o regime ustacha, mas se errou ao prestar homenagem a um dos seus principais defensores".
Polêmicas também com relação à exclusão, feita pelos bispos croatas da reunião da sociedade civil com o papa, do ex-chefe de Estado, Stipe Mesic, do grande escritor Predrag Matvejevic e do líder da oposição de esquerda Milanovic. Mesic criticou duramente o episcopado local, acusando-o de explorar a visita em sentido político, em favor dos partidos de centro-direita.
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Papa ataca os casais de fato: "Não é essa a verdadeira família" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU