31 Mai 2011
Dom López Marañón recebeu o presidente do Equador, o bispo de Aguarico e o cantor e compositor Guevara. "Eu, pessoalmente, estou tranquilo. É a situação em Sucumbios o que me deixa intranquilo", disse o bipo ao presidente Correa.
A nota é do blog da Igreja de San Miguel de Sucumbíos - Isamis, 31-05-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Dom Gonzalo López Marañón, bispo emérito de Sucumbíos, completa seu oitavo dia de jejum e oração pela reconciliação na província. A segunda-feira foi um dia de visitas ilustres. De manhã, chegou ao acampamento da reconciliação o bispo de Aguarico, Dom Jesús Esteban Sádaba (foto), que rezou junto com Dom López Marañón pela paz em Sucumbíos.
Na metade da tarde, o presidente da República do Equador, Rafael Correa, fez uma pausa em sua agenda e passou meia hora no Acampamento da Reconciliação de Sucumbios. O bispo de Sucumbios recebeu-o com o seu habitual gorro de lã e um sorriso sereno.
Dom Gonzalo López Marañón e o presidente Rafael Correa conversaram sobre a saúde do bispo e sobre a origem da tensão social em Sucumbíos. Este é um trecho da conversa que tiveram:
Presidente: Acabem com o jejum, por favor, as coisas em Sucumbíos vão se ajeitar (...) Vejo o senhor desfigurado.
Bispo: Eu continuarei enquanto for necessário...
Presidente: O senhor é um verdadeiro revolucionário.
Bispo: Eu só sou coerente. Sou coerente com o que é ver o rosto de Jesus nos mais pobres.
Presidente: Me preocupa a sua saúde.
Bispo: O senhor reze. Esta ideia do jejum é porque se abriu uma ferida grande, e meu dever é fazer o que eu posso, reconciliar Sucumbíos... A ferida é grande.
A porta-voz do bispo, María de los Ángeles Vaca, que acompanhou a visita presidencial, enumerou ao presidente Correa algumas das medidas concretas que ajudariam a resolver o conflito e a tensão que se vive na província.
Entre as situações, María de los Ángeles Vaca pediu que, do governo e da procuradoria provincial, não se agrave o conflito e que propiciem saídas efetivas e concretas como o apoio para rejeitar os processos por terrorismo organizado para causar lesões que recaem sobre mais de 20 cidadãos da província, entre eles representantes de organizações sociais e trabalhadores da Rádio Sucumbíos. Que ambas as instâncias convidem à conciliação. Que sejam criadas comissões de fiscalização para garantir a bom estado dos menores do Lar Infantil, que foi transferido para o Instituto da Infância e da Família - INFA sem que todas as condições estivessem prontas para isso. E que sejam revistas as demissões improcedentes dos funcionários do Lar Iinfantil e dos funcionários da Rádio Sucumbíos.
A porta-voz também manifestou a preocupação com o tom violento de declarações realizadas por políticos locais como Elizeo Azuero, ex-prefeito e ex-deputador, Guido Vargas, deputado de Sucumbíos do partido Sociedad Patriótica. São mensagens, disse a porta-voz, que nestes momentos prejudicam e não ajudam à reconciliação.
Segundo algumas radioescutas, a emissora local Rádio Bolívar emite chamados para que a população acompanhe as marchas brancas organizadas por membros do Movimento Carismático, marchas em que um dos principais slogans é "fora, sacerdotes diocesanos".
Após uma visita à barraca onde o bispo dorme e reza, o presidente Correa se despediu cumprimentando as pessoas que, há uma semana, acompanham do jejum do bispo de Sucumbíos.
À missa diária das 17h, compareceu outro convidado de honra, o cantor Jaime Guevara, que cantou algumas canções acompanhado de sua guitarra, querendo assim mostrar sua solidariedade com a Rádio Sucumbíos.
Em seu oitavo dia de jejum, a saúde do bispo é estável, mas, completada uma semana, a Cruz Vermelha, que o visita diariamente, e seu médico pessoal, que vai todas as noites para uma revisão, permanecem mais atentos do que nunca a seus sinais vitais.
Nesta terça-feira estava prevista a chegada de um grupo de Sucumbíos para se somar ao jejum. O acampamento da reconciliação de Sucumbíos ganha força.
Dom López Marañón convida a todas as pessoas envolvidas na tensão social a visitá-lo em sua barraca, para dialogar e buscar caminhos para a paz.
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Rafael Correa visita o bispo no oitavo dia de jejum - Instituto Humanitas Unisinos - IHU