30 Mai 2011
O fenômeno das separações assumiu dimensões tais que exigem uma orientação de maior atenção a quem está nesse tipo de situação. É preciso fazer com que os separados ouçam que não pesa sobre eles uma forma de exclusão, uma condenação irrevogável.
A opinião é de Dom Angelo Spinillo (foto), comissário da Conferência dos Bispos da Itália para a família. A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no jornal La Stampa, 30-05-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis a entrevista.
Dom Spinillo, por que a Igreja italiana, pela primeira vez, dedica um encontro nacional para os casais separados?
Isso está na linha da exigência e da atitude de escuta que nós, pastores, somos chamados a testemunhar. Além disso, o fenômeno das separações assumiu dimensões tais que exigem uma orientação de maior atenção a quem está nesse tipo de situação. É preciso fazer com que os separados ouçam que não pesa sobre eles uma forma de exclusão, uma condenação irrevogável. Em algumas paróquias, estão sendo realizadas experiências positivas com grupos de divorciados recasados. Há encontros que expressam a sensibilidade amadurecida na Igreja. Existe uma grande atenção a pessoas que não devem ser excluídas da realidade eclesial: são membros da Igreja, cujas exigências de religiosidade não devem ser negligenciadas e que são chamados a participar em formas caritativas e comunitárias da vida pastoral. Está sendo superada a visão sociológica do matrimônio e a coincidência entre dimensão civil e sacramental.
Excluir os separados aumentaria o risco de esvaziamento das igrejas?
Esse risco também existe, mas o diálogo é o caminho certo não só de um ponto de vista prático. Acho significativo que muitos divorciados de segunda união, apesar de não poder ter acesso aos sacramentos, peçam para batizar seus filhos, porque sentem em seus corações uma fé a ser transmitida. A Igreja não fecha as portas. É oportuno colocar-se em jogo sobre essas coisas, visando ao bem e ao crescimento de todos. Agora, o divórcio é uma realidade também em Malta e é uma condição difundida com a qual é preciso lidar em todos os lugares, em espírito de caridade e de verdade. Não escandaliza a atenção da Igreja, cujo modelo é o amor misericordioso de Deus pela humanidade, mesmo quando ela não está em conformidade com os preceitos. Não podemos não estar perto de quem se põe em busca.
Como se para evita os efeito-exclusão?
É bom envolver os separados nas atividades comunitárias. A separação é uma condição comparável à suspensão "a divinis" para os sacerdotes: o sacerdócio não é anulado, mas a função, o exercício são suspensos. No recente catecismo para os jovens, YouCat, reconhece-se que não é fácil permanecer fiel ao próprio parceiro por toda a vida. Portanto, não podem ser condenadas as pessoas que veem o seu casamento fracassar. Um cônjuge fiel pode abandonar o teto conjugal se uma situação matrimonial se torna verdadeiramente insuportável, e, para evitar episódios de violência, também pode ser necessária a separação civil.
Como um pároco deve se comportar com os separados?
O pároco e os outros fiéis devem compartilhar o seu sofrimento e ajudá-los no seu caminho humano e cristão. Os divorciados de segunda união jamais podem perder a esperança de alcançar a salvação. O fato de terem se afastado do mandamento do Senhor não significa que a conversão e a salvação estão banidas para eles. Eles devem sentir a proximidade da Igreja e têm o direito a um adequado acompanhamento pastoral. Permanecem membros do Povo de Deus e é justo que a Igreja esteja ao seu lado e os envolva para que experimentem o amor de Cristo e a presença materna da Igreja. Eles não estão excomungados, conservaram a fé e a comunhão com a comunidade eclesial. Como batizados, podem viver a palavra de Deus, o sacrifício eucarístico, a vida de oração, comunhão fraterna. Neles, está contido um potencial de vida a ser valorizado nas atividades comunitárias.
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"Não há nenhuma condenação irrevogável aos parceiros que se deixam" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU