15 Mai 2011
No que parece ser um gesto reconciliador da Comissão de Doutrina dos Bispos dos EUA com relação aos estudiosos da Igreja que não gostaram das duras críticas da comissão a um livro de uma proeminente teóloga da Fordham University, o diretor do comitê executivo escreveu que nunca quis pôr em questão a "dedicação, a honra, a criatividade ou o serviço" da autora.
A reportagem é de Tom Fox, publicada no sítio National Catholic Reporter, 13-05-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A Comissão de Doutrina dos bispos, no final de março, publicou uma crítica de 21 páginas ao livro Quest for the Living God: Mapping Frontiers in the Theology of God [Busca pelo Deus Vivo: Mapeando Fronteiras na Teologia sobre Deus], da Ir. Elizabeth Johnson, um texto teológico popular usado em faculdades e seminários. Depois de estudar o livro durante um ano, a comissão concluiu que ele "não está de acordo com o autêntico magistério católico sobre pontos essenciais" e "mina completamente o Evangelho e a fé daqueles que creem no Evangelho".
Johnson é uma proeminente professora de teologia sistemática da Fordham University, universidade jesuíta de Nova York. Ela é ex-presidente da Sociedade Teológica Católica da América e um de seus membros mais conhecidos.
As descobertas dos bispos incomodaram um grande número de estudiosos católicos e desencadearam defesas aos trabalhos de Johnson. Alguns estudiosos culparam a comissão de doutrina por não ter transmitido acuradamente a intenção do livro nem ter apresentado exatamente alguns de seus argumentos. Eles também criticaram a comissão por não ter notificado Johnson enquanto avaliavam seu livro.
Entre os grupos que responderam, estavam os conselhos da Sociedade Teológica Católica da América e a College Theology Society. Ambos emitiram declarações criticando a Comissão de Doutrina dos bispos.
O corpo docente da Fordham também ficou indignado. Cento e oitenta professores assinaram uma declaração, datada de 19 de abril, defendendo Johnson como "um membro estimado e querido da comunidade Fordham por mais de duas décadas".
Eles enviaram uma carta à comissão "para transmitir o nosso apoio incondicional à nossa colega Ir. Elizabeth Johnson". Eles disseram que estavam "consternados" com a ação da comissão e pediram que a Conferência dos Bispos "dê passos para retificar a falta de respeito e de consideração" mostrada a uma estudiosa católica "que dedicou uma vida de serviço honrado, criativo e generoso à Igreja, à academia e ao mundo".
Respondendo a essas duras críticas, o padre capuchinho Thomas G. Weinandy, diretor-executivo da Comissão de Doutrina, no dia 28 de abril, enviou uma carta ao Departamento de Teologia da Fordham. Ele disse que a Comissão de Doutrina "leva a sério as suas preocupações".
A carta assegurava o corpo docente da faculdade que a comissão nunca pretendeu manchar a reputação de Johnson ou impugnar sua honra ou dedicação à Igreja.
Weinandy afirmou que a Comissão de Doutrina "de forma alguma pôs em questão a dedicação, a honra, a criatividade ou o serviço" de Johnson.
Ele continuava dizendo que a comissão escreveu a Johnson reiterando sua vontade de entrar em diálogo com ela. Ele disse que a comissão receberia "quaisquer observações por escrito sobre o conteúdo da declaração da comissão que ela deseje oferecer".
Uma das alegações dos teólogos foi de que a comissão não seguiu as orientações dos bispos dos EUA para lidar com a questão de Johnson.
Eles disseram que a comissão nunca notificou Johnson enquanto estudava seu livro, como se pede, alegam, em um documento dos bispos de 1989.
A Comissão de Doutrina defendeu suas ações, explicando que o livro de Johnson já estava impresso, que estava sendo usado em faculdades e seminários, e que, assim, não havia nada a discutir. O chefe da comissão, cardeal Donald Wuerl, de Washington, lamentou que Johnson nunca tenha buscado um imprimatur, ou aprovação episcopal, antes de publicar o livro.
Durante grande parte da década de 1980, teólogos, canonistas e bispos elaboraram um documento, finalmente divulgado em 1989, que estabelecia procedimentos específicos para teólogos e bispos para resolver as diferenças em âmbito privado. O documento, chamado Responsabilidades Doutrinais, exorta bispos e teólogos a tentar resolver as disputar privadamente antes de ir a público.
Em sua carta à Fordham, Weinandy escreveu que "este pode ser um momento para a revisão" desse documento de 1989. "Essa revisão", escreveu, "também pode oferecer uma ocasião para ver o quão bem suas disposições são compreendidas e aplicadas".
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Comissão Episcopal dos EUA estende a mão a estudiosos católicos questionados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU