03 Mai 2011
No cômodo de chão batido, sem janelas, sem banheiro e sem fogão a gás moram Antonio Barbosa de Freitas, 59 anos, sua mulher, Laurinete da Silva Feitosa, 43, e os filhos Juan Deivison, de 8, e Rafaela, de 14. O espaço é exíguo, com panelas empilhadas sobre o chão, roupas espalhadas e despensa vazia.
A reportagem é de Angela Lacerda e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 04-05-2011.
A cama de solteiro que à noite abriga Laurinete e a filha é local de estudos e lazer durante o dia. Juan e o pai dormem no chão. Uma televisão velha é o único entretenimento da família.
Laurinete só desenha o nome. Antonio fez o primário, consegue ler. Ele já foi operário de fábricas de tecidos, carteira assinada. Hoje nem possui documentos. Perdeu. "Não fui atrás porque nem usava, não carece", afirma ele. Resta a carteira profissional, guardada em algum lugar, "já desbotada". "As fábricas fecharam, fui ficando velho, não arranjei mais emprego".
Antonio sustenta a família como carroceiro. Diariamente sai de casa às quatro horas e anda até às 14 horas pelas ruas catando papelão, plástico e metal que vende em um depósito de material reciclável perto da favela onde mora, no bairro do Hipódromo, zona norte da cidade.
Por mês não consegue arrecadar R$ 300,00. A carroça que usa é emprestada. Ele se orgulha de nunca ter admitido "nem em pensamento" a possibilidade de se tornar um marginal. Por menos que ganhe na lida, todo dia leva algo para a família comer, mesmo que seja apenas pão, conta.
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