02 Mai 2011
O B´aktun é 5.125 ou 5.200 anos gregorianos (dependendo se usa 260 ou 365 dias para catalogar o ano). Atualmente a humanidade cursa o B´aktun número 13, que iniciou em 11 de agosto de 3.114 a.C e finalizará em 21 de dezembro de 2012.
Data paradigmática, profetizada pelos maias, civilização conhecida em nível mundial por sua exatidão na astrologia; tem despertado muitas inquietações porque, segundo algumas interpretações feitas do calendário maia, marca-se até 21 de dezembro de 2012, já não existindo mais dias depois desse.
Data a qual também alguns setores têm explorado comercialmente, apresentando gravações cinematográficas que refletem o fim do mundo; ações que, além de gerar rendas econômicas para alguns indivíduos, deixa mais dúvidas do que respostas para a população sobre o que é o 13 B´aktun e o que acontecerá em 21 de dezembro de 2012.
Para isso, conversamos com Ernestina López, da coordenadora nacional de viúvas da Guatemala (Conavigua), que é de origem maia, para que nos dê uma melhor panorâmica sobre o que é o 13 B´aktun.
A entrevista é publicada por Adital, 02-05-2011.
Eis a entrevista.
Tem-se manipulado o 13 B´aktun para finalidades alheias, mas, para todas aquelas pessoas que não conhecem, diga-nos, o que é o B´akytun?
Estamos falando de um processo cíclico que tem a ver com a origem, com as raízes. B´AK quer dizer osso, TUN enrolamento; dito em castelhano, é como um movimento cíclico, mas não fechado em si mesmo que tem uma origem, tem um caminho e tem um final. O que estamos dizendo é o "enrolamento" dos ciclos, dos períodos do tempo, matemático, filosófico, teológico como nossa gente maneja o tempo, as energias, o espaço.
Ao referir-se a "Energias", explica-nos que é por movimento astrológico e das estrelas, dos astros, e ao ser filosófico e teológico que é "porque tem a ver com a vida espiritual, a vida em Deus, que também tem movimento e repercute no movimento do homem... Das coisas". O tempo para nossos povos está dividido em ciclos, períodos. Que, segundo dito por López: Para os povos indígenas é voltar, ir finalizando o caos em que vivemos, o anunciamos desde 1992 que começou o último KATUN (que é um lapso de tempo de 20 anos), que era tempo de ir harmonizando nossa vida, encontrando nossa verdadeira identidade, harmonizando-nos com as outras culturas, valorizando o diferente, dialogando com o diferente, respeitando a mãe natureza, respeitando a palavra alheia. Nós não estamos anunciando destruição final.
Mas isso é o que se usa, a destruição final?
Estão anunciando que os maias anunciaram o fim do mundo, desastres... Desastres nós o temos provocado, esta geração que estamos vivendo agora neste último tempo... Não são os maias.
Então é para mudar essa época de caos que já estamos vivendo?
É justamente isso! Nós mesmos temos feito do mundo das relações humanas, dos seres humanos, um caos... Uma desordem. Uma desigualdade... Uma injustiça… Morte… Morte… Morte também da mesma natureza, isso tem que terminar. E por que tem terminado? Porque perdemos o fio condutor que é Deus. Deus é o que dá sentido ao ser humano... Temos que voltar para Deus.
Isto teria que ser então uma mudança de harmonia?
Uma mudança de harmonia, não. Voltar à harmonia, quer dizer, voltar às razões que dão harmonia, voltar ao que dá origem... à fonte da comunicação, que é Deus.
Como se pode chegar às razões que dão harmonia?
Descobrir quem é Deus para nós, até agora é o dinheiro, o poder, a política, a divisão. Tudo o que nos dá prazer é esse Deus agorinha. Para a humanidade não há Deus, para mim e para nossos povos existe. Mas, por serem os maias os principais protagonistas de uma data que já ressaltamos em linhas passadas, tem sido explorada comercialmente, acrescento que: Nós não queremos que nos manipulem, nem nos utilizem, nem que manipulem os conteúdos que vamos contribuindo, senão que ajudem que as pessoas encontrem desde onde estão paradas que é a razão de sua vida... De onde veio... Como caminha... Até aonde vai, que Deus tem dado. Isso é voltar à origem, não voltar ao passado e nos vestirmos de plumas e viver em covas.
O que a senhora diz àquelas pessoas que interpretam isso (13 B´aktun) mal?
Que se não o entende, que não o use, não o manipule. Eu convido a que não o use se não está em seu coração e não é parte de sua vida. Que não inventem que os maias são causas de destruição e digam que acaba o mundo. A melhor maneira para que todas aquelas pessoas possam aprender o que é o B´aktun ou "A era da Luz" - como também é conhecido pelas pessoas que não podem pronunciar de forma correta o nome B´aktun - é chegando com os povos indígenas, quem compartilharão de uma maneira clara, sem buscar gerar recursos econômicos e sem criar maiores especulações sobre o que é "A era da luz".
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O 13 B"aktun: a comercialização de uma nova era para encontrar Deus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU