26 Abril 2011
O Escritório de Direitos Humanos do Arcebispado da Guatemala (ODHAG), o Movimento Monsenhor Gerardi e a Rede de Católicos das Américas (AMERÍNDIA) divulgaram, ontem, as atividades comemorativas do 13º aniversário do martírio do bispo católico.
"Fazemos um chamado à sociedade guatemalteca para que preserve a demanda por justiça ante as muitas violações, aos direitos fundamentais do passado e do presente", disse o diretor da ODHAG, Nery Rodenas.
A reportagem é de Mayra Rodríguez e publicada pela Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 26-04-2011.
Ele lembrou que monsenhor Gerardi dizia que a exclusão, a marginação e a discriminação são os elementos detonadores da violência, agravada por diversas formas do crime organizado, e pela escandalosa brecha entre a abundância dos ricos e a escassez da população pobre, que na Guatemala é superior a 83%.
Juan José Gerardi Conedera foi morto no dia 26 de abril de 1998, dois dias depois de ter apresentado o Relatório Guatemala Nunca Mais, projeto diocesano de investigação. O documento responsabilizou o Exército por 93% das mortes violentas durante os 36 anos de conflito armado interno, que terminaram com a Assinatura dos Acordos de Paz, em 1996.
Os organismos de defesa dos Direitos Humanos exigiu justiça para as comunidades camponesas na Cuenca do Polochic, deslocadas pelas empresas produtoras de etanol e pelas forças de segurança "de um governo que de palavra defende os pobres, mas de fato favorece a oligarquia".
Também pediram justiça às famílias e localidades indígenas e camponesas que defendem seu território em San Marcos, El Quiché, Huehuetenango, entre outros lugares. Esse povo pronunciou-se contra a construção de hidrelétricas e da mineração a céu aberto, que seguem funcionando em benefício de grandes empresas nacionais e internacionais, inclusive em lugares onde a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) exigiu o fechamento das mesmas devido ao dano que causam ao meio ambiente.
As atividades comemorativas começaram hoje pela manhã, com a substituição da Rosa no Monumento à Paz, localizado no Palácio Nacional da Cultura, a cargo da religiosa Raquel Saravia, homenageada por seu labor educativo e pelos direitos humanos.
À tarde, foi celebrada missa com eucaristia, presidida por monsenhor Oscar Julio Vián, arcebispo metropolitano.
De hoje até a sexta-feira, ficará aberta a cripta da Catedral Metropolitana, onde jazem os restos do sacerdote assassinado, bem como o museu dedicado ao mártir.
No marco dessa comemoração, terá lugar na Guatemala, por esses dias, as primeiras jornadas teológicas centro-americanas e caribenhas, como passo prévio ao Congresso Continental de Teologia a ter lugar em São Leopoldo, RS, em outubro do 2012, por motivo dos 50 anos do Concílio Vaticano II e os 40 da publicação do livro de Gustavo Gutiérrez, Teologia da Libertação: Perspectivas.
Gerardi foi um dos defensores do reconhecimento oficial dos idiomas maias na Guatemala. Sua influência permitiu a abertura de duas emissoras de rádio que transmitem programas nesses idiomas. Ele criou o Centro San Benito para a promoção dos valores humanos.
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Organismos de Direitos Humanos lembram martírio de monsenhor Gerardi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU