Suicídios traumatizam vila perto de Chernobyl

Mais Lidos

  • Legalidade, solidariedade: justiça. 'Uma cristologia que não é cruzada pelas cruzes da história torna-se retórica'. Discurso de Dom Domenico Battaglia

    LER MAIS
  • Carta aberta à sociedade brasileira. Em defesa do Prof. Dr. Francisco Carlos Teixeira - UFRJ

    LER MAIS
  • Governo Trump alerta que a Europa se expõe ao “desaparecimento da civilização” e coloca o seu foco na América Latina

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

25 Abril 2011

Svetlana Ivanovna e seu marido, Pyotr Ivanov, riram quando souberam que os habitantes de Stary Vyshkov, para onde se mudaram há 17 anos, chamavam o pagamento de US$ 4 por mês para morar na zona contaminada pelo acidente de Chernobyl de dinheiro para o funeral. Há três anos, Pyotr voltou de uma viagem a Moscou saiu no jardim "para fumar" e se enforcou.

"Todos moramos em casas radioativas, respiramos ar radioativo, comemos comida radioativa, bebemos água poluída. Somos como prisioneiros", diz Svetlana. Mãe de três filhos, ela admite que, às vezes, acorda e pensa em se matar também.

A reportagem é de Sergei L. Loiko, publicada pelo Los Angeles Times e reproduzida pelo jornal O Estado de S.Paulo, 26-04-2011.

Uma convergência trágica de acontecimentos fez com que a aldeia sofresse uma série de suicídios relacionados ao estresse. No início dos anos 90, dezenas de milhares de refugiados de língua russa fugiram dos conflitos de ex-repúblicas soviéticas e as casas desabitadas de Stary Vyshkov mostraram-se úteis.

Segundo um funcionário do distrito, a vila deveria ter sido realocada há anos, mas recebeu os refugiados. "Eles começaram a chegar da Ásia Central e precisavam ser instalados em algum lugar", diz.

É o caso da família de Vladimir Laptev, o primeiro morador a se suicidar na vila. Dez anos atrás, ele brigou com a mulher, foi para a casa da irmã, trancou-se no quarto do fundo e se enforcou. Desde então, cinco outros jovens se mataram dando origem a um boato sobre uma misteriosa epidemia de suicídios na aldeia de 450 pessoas, que fica a 176 km de Chernobyl.

Roza Lapteva, mãe de Laptev, culpa o local pela morte do filho. Ela chegou a Stary Vyshkov em 1992, vinda do Casaquistão. "Agora vemos o que este lugar fez com a gente. Tarde demais". Ela perdeu o marido, vítima de câncer, e o genro, que também se matou. Para Galina Rumyantseva, do Instituto Serbsky de Psiquiatria Social e Forense de Moscou, não é a radiação que leva as pessoas ao suicídio, mas o estresse. "Elas simplesmente desistem de viver".