08 Abril 2011
O Peru se prepara para votar na eleição presidencial amanhã com a oposição ao candidato de esquerda, Ollanta Humala, rachada.
A reportagem é de Patrícia Campos Mello e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 09-04-2011.
Humala vem liderando as pesquisas de opinião. Recentemente, a candidata populista de direita, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, chegou ao segundo lugar nas pesquisas.
Alejandro Toledo, o ex-presidente que estava em primeiro e foi caindo, convocou os outros candidatos de centro-direita a se unirem "para defender a democracia ameaçada" pela possibilidade de segundo turno entre Humala e Keiko na eleição.
Mas seu apelo foi rechaçado por Pedro Pablo Kuczynski, conhecido pelas iniciais PPK, e pelo ex-prefeito de Lima Luis Castañeda, os outros candidatos de centro-direita.
PPK acusou Toledo de "truque" e disse que não renunciará, pois acredita ter chances de passar para o segundo turno. Castañeda também rejeitou a convocação.
E, para completar, o Apra, partido do atual presidente, Alan García, anunciou que dará apoio a PPK, e não a Toledo, como se esperava.
Toledo afirmou ontem que Keiko representa um "regresso ao passado obscuro de um governo corrupto e de violações contra direitos humanos", referindo-se ao ex-presidente Alberto Fujimori.
Já Humala, para o candidato, representa "um salto para o vazio, uma proposta intervencionista e estatista". "Por isso sugeri uma reunião dos candidatos que têm uma vocação democrática."
Os votos de oposição a Humala e Keiko estão divididos entre os três candidatos que defendem o atual modelo econômico do Peru. Essa política vem garantindo taxas de crescimento de 7%, mas não foi tão bem-sucedida no combate à desigualdade.
Humala é visto como frágil em um segundo turno, porque ajudaria a unir o segmento mais conservador do eleitorado para derrotá-lo, como ocorreu em 2006, quando perdeu para García. Por isso, ele adotou uma estratégia "paz e amor", de migração para o centro.
À Folha, Toledo disse que não se pode acreditar na guinada de Humala para o centro. "É um lobo em pele de cordeiro. Não tenho provas, mas não me surpreenderia um triângulo entre Venezuela, Brasil - não me refiro ao governo - e Humala", afirmou, referindo-se ao PT.
Em coletiva para jornalistas estrangeiros, Humala voltou a dizer que o Brasil é uma inspiração. "Está entre as oito maiores economias do mundo, conseguiu entrar em um processo de inclusão social, com liberdade de expressão e equilíbrio fiscal. O Brasil é modelo de sucesso."
"E a saída natural do Brasil para o Pacífico é o Peru. Precisamos fortalecer os projetos de interconexão entre os dois países, mas devemos ser sócios, e não economicamente dependentes do Brasil", completou o candidato.
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Centro-direita se divide em pleito no Peru - Instituto Humanitas Unisinos - IHU