07 Abril 2011
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST -, João Pedro Stédile, avaliou ontem que 2010 foi o pior ano para a reforma agrária. Ele apontou o programa Bolsa Família como um dos fatores que levaram à redução do número de acampamentos de sem-terra e ao esvaziamento do movimento.
“O Bolsa Família ajudou a acomodar as pessoas em algumas regiões”, disse, durante entrevista coletiva em Recife.
A notícia é do jornal Correio do Povo, 08-04-2011.
Segundo Stédile, nos governos de Fernando Henrique Cardoso e de Lula, a média anual de ocupações era de 280. Nos oito anos do governo Lula havia 200 mil famílias acampadas no país. Atualmente, são 80 mil – 60 mil delas do MST. Para ele, a acomodação promovida pelo Bolsa Família se aliou à lentidão no processo da reforma agrária nos últimos anos, desestimulando o agricultor.
“Há uma situação de psicologia social. Se as pessoas começam a se dar conta que a reforma está lenta, se perguntam: “por que ocupar, se vai demorar?” Ele referiu-se à promessa de Lula de fazer a reforma agrária com uma canetada. Como nada foi feito, veio o desânimo.
Ao citar que em Pernambuco, não foi feito um só assentamento de terra no ano passado, Stédile questionou a existência do Instituto Nacional de Reforma Agrária – Incra. “Transformaram o Incra em disputa de correntes partidárias”, criticou. “O Incra virou essa casa de mãe Joana, disputando carguinho para não fazer nada. (...) Vamos ver se o governo Dilma acorda para substituir a direção do Incra”, afirmou Stédile.
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Stédile diz que Bolsa Família esvazia MST - Instituto Humanitas Unisinos - IHU