07 Abril 2011
A reportagem é de Paola de Moura e publicada pelo jornal Valor, 08-04-2011.
Segundo o Sindicato dos Profissionais de Educação do Estado do Rio (Sepe), uma pesquisa feita pela própria Secretaria Municipal de Educação no ano passado, mostra que a violência afeta 300 das 1.500 escolas do município. O levantamento é feito a cada dois anos com os diretores que, numa escala de um a dez, avaliam a violência dentro e fora dos colégios.
A maior queixa dos sindicatos é a falta de funcionários de apoio nas escolas. Vera Nepomuceno, coordenadora do Sepe, diz que as escolas não possuem mais apoio de agentes administrativos e que há carência de 1.600 funcionários. No ano passado 300 agentes administrativos foram contratados, número que seria insuficiente para suprir a carência. O Sepe diz que, sem os inspetores, é difícil controlar os alunos fora de sala e coordenar a entrada e saída.
No ano passado, a secretaria escolheu uma empresa chamada VPar para contratar zeladores para as escolas. Os candidatos, no entanto, estariam sendo convocados por políticos. O vereador Paulo Pinheiro (PPS-RJ), disse que foi ao Grajaú Tênis Club, onde estava sendo feita a inscrição, e mais de 600 candidatos levavam cartões de políticos com indicações. "Instauramos uma CPI, mas, dias antes, o contrato foi cancelado", conta ele.
Em novembro, a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, baixou um decreto dando orientações aos diretores sobre como proceder em caso de violência e a secretaria passou a considerar as agressões como acidente de trabalho. O funcionário que sofre dano físico ou mental passou a ter direito à licença para tratamento, enquanto a direção ficou obrigada a orientar o professor a fazer boletim de ocorrência. O objetivo é evitar que a escola esconda o problema. Além disso, funcionários que sofrerem agressão de pais ou responsáveis devem ser transferidos.
O prefeito Eduardo Paes (PMDB) disse que as escolas do Rio devem ter as portas abertas à comunidade. "Não quero anunciar nenhuma medida precipitada."
Vera Nepomuceno, coordenadora do Sepe, afirmou que apesar de se tratar de um desequilibrado, a violência de ontem não foi um ato isolado. "Ela faz parte do sucateamento de nossas escolas e da falta de funcionários, fatores que geram insegurança. Todos os dias, recebemos ligações de professores reclamando de alunos armados e de agressões", conta Vera, que diz que está programando atos públicos para levantar a discussão na sociedade. A secretaria de Educação e a Prefeitura não responderam às acusações do sindicato.
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Violência atinge professores, funcionários e alunos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU