06 Abril 2011
O advogado Luciano Feldens entrou no caso para defender os interesses da Arquidiocese de Porto Alegre.
Ex-procurador da República com atuação junto à 1ª Vara Federal Criminal da Capital, especializada em crimes contra o sistema financeiro e de lavagem de dinheiro, Feldens pretende que o sumiço dos R$ 2,5 milhões da Igreja seja investigado no Brasil.
– Adotaremos todas as medidas necessárias seja perante a polícia, o Ministério Público e as missões diplomáticas para preservar a prova e recuperar os valores – afirma Feldens.
O advogado acrescenta:
– Aconteceu um crime cometido com o selo do governo de Portugal. Confiamos que o governo português não se omitirá.
A reportagem é de José Luís Costa e publicada pelo jornal Zero Hora, 07-04-2011.
O criminalista diz que não medirá esforços para a elucidação do caso.
– Pode-se investigar os fatos e não o vice-cônsul. Além disso, existe jurisprudência no STJ dizendo que a imunidade diplomática não é automática – garante Feldens.
Entenda o caso
- Em junho, o padre Luís Inácio Ledur protocola no Consulado de Portugal pedido de ajuda para reformar templos de origem portuguesa, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, na Capital, e a do Senhor Bom Jesus, em Triunfo. O vice-cônsul de Portugal em Porto Alegre, Adelino Pinto, se prontifica a ajudar.
- Seria possível obter uma doação de R$ 12 milhões, com uma contrapartida da Igreja de R$ 2,5 milhões. As negociações, via e-mail, são feitas com Teresa Falcão e Cunha, que seria diretora de uma ONG de Bruxelas, responsável pela intermediação da verba. Em dezembro, o padre e o vice-cônsul viajam a Lisboa para encontro com Teresa.
- O padre descobre que precisa depositar R$ 2,5 milhões em conta da Igreja em um banco de Portugal para garantir a doação.
- Como não pode enviar dinheiro ao Exterior, acerta usar a conta bancária do vice- cônsul. A Arquidiocese deposita o dinheiro.
- São lavradas certidões em cartórios nas quais Adelino se compromete em não movimentar o recurso, mas ele tira o dinheiro da conta e entrega para Teresa. A Arquidiocese cobra explicações do vice-cônsul e, em 11 de março, registra queixa na polícia.
- No dia 28, a polícia suspende a investigação porque o vice-cônsul tem imunidade consular.