02 Abril 2011
No dia 24 de março de 1980, um grupo de pistoleiros crivou de balas o então Arcebispo de São Salvador Oscar Arnulfo Romero e Galdámez. Um assassinato político em meio a uma sangrenta guerra civil. Os discursos do prelado foram por demais incômodos para o governo e para os esquadrões da morte. Passados 31 anos de sua morte, a sua figura continua incomodando e o seu processo de beatificação não avança.
A análise é de Andrés Beltramo Alvarez em seu blog Sacro & Profano, 28-03-2011. A tradução é do Cepat.
Por seus inflamados discursos em favor dos pobres, a defesa dos direitos humanos e a sua proximidade com o povo, Monsenhor Romero é lembrado como um defensor dos menos favorecidos. Em uma América Latina onde a Teologia da Libertação tinha força, o seu assassinato foi lido pela chave ideológica (algo inevitável).
Em 1994, o seu sucessor na Arquidiocese de São Salvador Arturo Rivera e Damas, iniciou o processo de beatificação. Como era previsível, a interpretação ideológica veio a tona, sobretudo no Vaticano. Em 2000, a Congregação para a Doutrina da Fé começou o estudo de todos os discursos de Romero. Em 2005, o postulador da causa, o bispo italiano Vincenzo Paglia disse publicamente que Romero não era um bispo revolucionário, mas um homem da Igreja, do Evangelho e os pobres".
Apesar disso, seis anos depois, nada se sabe sobre a beatificação. Fontes qualificadas nos confiaram que, neste momento, a Santa Sé não tem previsão sobre tema. Espera passar tempo suficiente para deixar para trás riscos de instrumentalização e permitir que venha a tona a figura de Romero, para além das ideologias.
Enquanto isso, o povo salvadorenho espera, assim como o movimento católico da Comunidade de São Egídio, um dos grupos eclesiais que mais apóia o "caminho para o altar" do arcebispo.
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Romero. Uma beatificação incômoda - Instituto Humanitas Unisinos - IHU