27 Março 2011
O Papa Bento XVI interveio pessoalmente para exigir mais tempo para as conversações ecumênicas com as Igrejas protestantes, quando ele visitar a Alemanha em setembro.
A reportagem é de Christa Pongratz-Lippitt, publicada na revista The Tablet, 26-03-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em um movimento extremamente incomum, ele escreveu diretamente ao líder das Igrejas Protestantes, o presidente Nikolaus Schneider, manifestando insatisfação com a brevidade da sessão destinada ao seu encontro. Apenas uma hora foi agendada para o encontro para a discussão de planos entre a Conferência dos Bispos da Alemanha, a nunciatura de Berlim, a Secretaria de Estado do Vaticano e o gabinete do presidente alemão em Berlim.
Em sua carta pessoal ao presidente Schneider, datada do dia 28 de fevereiro, o Papa dirige-se a ele como "Caro irmão em Cristo" e deixa claro que o tempo inicialmente conferido para as conversações ecumênicas estão muito aquém das suas expectativas.
Ele escreve: "Vou fazer todo o possível para que o meu encontro com os cristãos protestantes receba o tempo que merece. Infelizmente, o encontro com as Igrejas Protestantes recebeu um lugar relativamente modesto por parte dos responsáveis dos planos provisórios. Entretanto, manifestei-lhes que, no país onde se originou a Reforma, uma maior ênfase ecumênica é necessária".
O Papa estava respondendo a uma carta do presidente Schneider, do dia 8 de fevereiro, em que o bispo manifestou a esperança de que, durante a visita do Papa, haveria tempo suficiente para conversar com as Igrejas Protestantes. "Seria extremamente inspirador e gratificante a troca de opiniões sobre o significado da Reforma a partir das nossas perspectivas respectivas", escreveu o presidente Schneider.
Como o Papa deve visitar Erfurt – a primeira vez que um Papa visita o coração da Reforma –, o presidente Schneider indicou que eles devem celebrar um serviço ecumênico no famoso Augustinerkloster, o mosteiro agostiniano onde Martinho Lutero viveu como monge de 1505 a 1511 e que hoje é um patrimônio nacional. O Papa não respondeu a essas sugestões na sua resposta.
O pedido do Papa foi saudado pelas Igrejas Católica e Protestante da Alemanha. "Acolhemos a sugestão do Papa para uma ênfase mais forte sobre o ecumenismo e, naturalmente, cumpriremos seus desejos", disse Nina Schmedding, porta-voz da Conferência dos Bispos da Alemanha. O presidente Schneider disse ao Frankfurter Allgemeine Zeitung que "o sinal positivo do Papa" foi "muito gratificante". Ele estava "confiante de que será possível uma boa e frutífera troca de ideias".
Igreja e observadores da mídia na Alemanha dizem que a resposta "direta e sincera" do Papa à carta do presidente Schneider é uma "grande surpresa" e uma "tentativa pessoal do Papa de quebrar o gelo ecumênico", especialmente pelo fato de o presidente Schneider recentemente ter entrado em choque com os bispos alemães sobre a permissão de que um cônjuge protestante em casamentos mistos receba a Eucaristia, e sobre o "screening" do embrião que o bispo protestante favorece em certos casos.
Um comentarista disse que o Papa tem um forte interesse e uma forte preocupação ecumênica subjacente – como ilustrado pela sua intervenção bem sucedida em 1999 para salvar a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação – e sugeriu que o mecanismo do ordinariato providenciado para os anglicanos não é o principal tipo de resultado unificador que ele está buscando.
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Papa pede mais ênfase no ecumenismo em visita à Alemanha - Instituto Humanitas Unisinos - IHU