24 Março 2011
"Em um mundo secularizado, é sempre mais difícil compreender as razões do celibato", afirmou.
A reportagem é do sítio Religión Digital, 24-03-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O presidente da Conferência Episcopal Austríaca, cardeal Christoph Schönborn, reiterou, mais uma vez e no marco da inauguração dos trabalhos da assembleia da conferência, que, "na Igreja, deve haver um debate aberto, inclusive na questão do celibato". E imediatamente o presidente da Congregação do Clero, o cardeal Mauro Piacenza, lhe respondeu: "O celibato é um dom de Deus" e "grita ao mundo secularizado que Deus está presente".
Em um artigo publicado na edição do dia 23 de março do L`Osservatore Romano, o cardeal Piacenza lembra que "o celibato é um dom do Senhor que o sacerdote está chamado livremente a acolher e a viver com plenitude".
Depois de lembrar que esse ensinamento é um tema fundamental dos Papas, o cardeal adverte que "só uma incorreta hermenêutica dos textos do Concílio Vaticano II poderia levar a ver no celibato um resíduo do passado do qual devemos nos libertar".
"Essa posição – continua –, além de ser errada histórica, teológica e doutrinalmente, também é prejudicial para os aspectos espiritual, pastoral, missionário e vocacional", acrescentou.
Seguidamente, o cardeal Piacenza ressalta a necessidade de formar doutrinalmente aqueles que vão viver o celibato sacerdotal porque "não se pode viver o que não se compreende por meio da razão" e destacou que "o celibato é uma questão de radicalidade evangélica".
"Pobreza, castidade e obediência não são conselhos reservados de modo exclusivo aos religiosos. São virtudes que devem ser vividas com intensa paixão missionária. Não podemos baixar o nível da formação e, de fato, da proposta da fé".
O prefeito reconheceu depois que, "em um mundo secularizado, sempre é mais difícil compreender as razões do celibato. No entanto, devemos ter a coragem, como Igreja, de nos perguntar se queremos nos resignar diante dessa situação, aceitando como inevitável a progressiva secularização das sociedades e das culturas, ou se estamos prontos para uma obra de profunda e real nova evangelização, ao serviço do Evangelho e, por isso, da verdade sobre o homem".
"Considero, nesse sentido, que o motivado apoio ao celibato e à sua adequada valorização na Igreja e no mundo podem representar algumas das formas mais eficazes para superar a secularização".
Finalmente, o cardeal Piacenza escreveu que "não devemos nos deixar condicionar ou intimidar por quem não compreende o celibato e gostaria de modificar a disciplina eclesiástica. Ao contrário, devemos recuperar a motivada consciência de que o nosso celibato desafia a mentalidade do mundo, pondo em crise seu secularismo e seu agnosticismo, e gritando, nos séculos, que Deus está presente".
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Cardeal austríaco defende que se abra o "debate sobre o celibato" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU