10 Março 2011
O dalai-lama anunciou ontem que pretende se afastar da liderança política do governo tibetano no exílio e transferir o poder a um sucessor eleito por seus seguidores. O religioso manterá o papel de líder espiritual, que só chegará ao fim com sua morte.
A reportagem é de Cláudia Trevisan e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 11-03-2011.
"Desde os anos 60, tenho repetidamente afirmado que os tibetanos precisam de um líder, eleito livremente por povo, a quem eu possa transferir o poder. Chegamos ao momento de colocar isso em prática", disse o dalai-lama. A proposta será levada ao Parlamento tibetano no exílio no dia 14 e no dia 20 os tibetanos que vivem fora da China elegerão um novo primeiro-ministro.
No seu comunicado, o dalai-lama atacou as políticas chinesas para o Tibete e afirmou que a população da região vive em constante "medo e ansiedade", sob a vigilância permanente de tropas do Exército. O anúncio coincidiu com os 52 anos do levante contra o domínio chinês que levou o líder religioso e centenas de tibetanos a fugir para a Índia, onde criaram o governo no exílio em Dharamsala.
Abertura
O dalai-lama elogiou os movimentos não violentos que levaram à queda de governos no mundo árabe e ressaltou que é cada vez maior o número de intelectuais chineses que pedem reforma e abertura política. "O premiê Wen Jiabao também expressou apoio a essas preocupações."
A transferência da liderança política não significa que o ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1989 deixará de ter papel proeminente na condução dos tibetanos. "O dalai-lama não vai se aposentar e continuará a promover a causa tibetana ao redor do mundo", disse ao Estado Kate Saunders, porta-voz da Campanha Internacional pelo Tibete.
Sucessor
A decisão do dalai-lama terá de ser aprovada pelo Parlamento no dia 14. Na eleição do dia 20, comunidades de tibetanos de todo o mundo escolherão um novo primeiro-ministro para substituir o atual, Lobsang Tenzin, eleito em 2001. O nome mais cotado é o de Lobsang Sangay, de 42 anos, nascido em Darieeling, na Índia. Ele tem pós-graduação em Direito por Harvard e ficou à frente dos candidatos Tenzin Tethong e Tashi Wangdi.
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Dalai-lama abandonará suas funções políticas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU