17 Fevereiro 2011
"Lamentavelmente, a caminhada ecumênica é uma estrada difícil e pedregosa. Vejamos a ocorrência de um fato inusitado, que muito nos entristece. O Bispo Católico Romana da Diocese de Santa Maria, RS, Dom Hélio Adelar Rubert, cedeu (emprestou) a sua Catedral para a Sagração do Bispo Eleito da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Cônego Francisco de Assis Silva, uma vez que a nossa Catedral Anglicana, da mesma cidade, encontra-se em reforma", escreve Cônego José de Deus Luongo da Silveira, em correspondência que enviou e publicamos a seguir.
"Entendemos que os mecanismos que foram usados, de modo extraoficial, apenas um recado por terceiros rescindindo o que foi acertado, prestam um desserviço à causa ecumênica e humilha uma Igreja membro do CONIC, na véspera da Sagração de um de seus Bispos", escreve o padre anglicano.
Eis o texto.
Caros Irmãos em Cristo:
Pax nobis!
Lamentavelmente, a caminhada ecumênica é uma estrada difícil e pedregosa. Vejamos a ocorrência de um fato inusitado, que muito nos entristece. O Bispo Católico Romana da Diocese de Santa Maria, RS, Dom Hélio Adelar Rubert, cedeu (emprestou) a sua Catedral para a Sagração do Bispo Eleito da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Cônego Francisco de Assis Silva, uma vez que a nossa Catedral Anglicana, da mesma cidade, encontra-se em reforma.
A Ordenação e Sagração Episcopal está marcada para o dia 20 de março próximo. Todos os convites foram enviados para o clero anglicano, povo e autoridades. Na data aprazada haverá vários encontros nacionais e internacionais, inclusive, com os irmãos da província do Cone Sul (Uruguai).
Pasmem todos, há um mês da Sagração, Dom Hélio Rubert, inopinadamente, sem entrar em contato de modo oficial com o Bispo Primaz, com a Autoridade Eclesiástica da Diocese Sul-Ocidental, nem como o Bispo Eleito, simplesmente, vai até a Deã da Catedral Anglicana, acompanhado do seu Vigário Geral, e diz que não mais autorizará a sagração na sua Catedral, como já havia antes pactuado, porque a Igreja Anglicana ordena mulheres e gays.
As razões da recusa, sob a ótica anglicana não são pertinentes. Vejamos: A ordenação de gays tem se dado na Província Anglicana dos EEUU, gerando um sério conflito em muitas partes da Comunhão Anglicana, inclusive, com possibilidade de cismas, como é do conhecimento geral. Quanto à ordenação feminina tem sido uma grande bênção para nós anglicanos. As mulheres também participam da humanidade de Cristo, foram as primeiras a crer na Ressurreição, em todas as comunidades religiosas elas constituem as mais fiéis e a maioria do povo de Deus. Por que a discriminação de gênero numa sociedade que clama por igualdade de direitos humanos?
Para nós, é matéria já consensual na maioria das Províncias da Comunhão Anglicana, de que não existem sérias razões teológicas para vedar as Sagradas Ordens às mulheres, trata-se tão somente de uma vetusta tradição da Igreja. Frise-se, de que as razões levantadas para caçar a cadência da Catedral Romana não encontram nenhum suporte válido, já que quatro bispos anglicanos da IEAB foram sagrados em catedrais romanas nos últimos tempos, quando já havia padres gays nos EEUU e mulheres ordenadas na Igreja Anglicana.
Entendemos que os mecanismos que foram usados, de modo extraoficial, apenas um recado por terceiros rescindindo o que foi acertado, prestam um desserviço à causa ecumênica e humilha uma Igreja membro do CONIC, na véspera da Sagração de um de seus Bispos.
Que o Santo Espírito que move e anima Igreja nos dê um coração capaz de escutar e nos inspire cada vez mais para um diálogo amoroso e sincero!
Fraternalmente,
Cônego José de Deus Luongo da Silveira
Autoridade Eclesiástica Diocesana pro tempore
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"A caminhada ecumênica é uma estrada difícil e pedregosa", constata cônego anglicano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU