06 Janeiro 2011
Líder da oposição e tido pela comunidade internacional como vencedor da eleição presidencial de novembro na Costa do Marfim, Alassane Ouattara solicitou ontem uma operação internacional de forças especiais para retirar o presidente marfinense de facto, Laurent Gbagbo, do poder.
A notícia é do jornal O Estado de S. Paulo, 07-01-2011.
O pedido foi feito aos integrantes da Comunidade Econômica de Estados do Oeste da África (CEEOA), grupo que já havia ameaçado recorrer à força para resolver a crise marfinense. "Gbagbo pode ser removido sem muito estrago", disse Ouattara. Ações para "retirar a pessoa que é o problema" já foram realizadas na África e América Latina, justificou o opositor.
Sob condição de anonimato, um porta-voz do grupo africano disse que planos para derrubar Gbagbo já estão sendo traçados.
As Nações Unidas, países africanos, europeus e os EUA acusam Gbagbo de ter fraudado as eleições e exigem sua renúncia imediata. Ontem, o presidente de facto expulsou os embaixadores da Grã-Bretanha e Canadá.
A Nigéria, maior força entre os 15 membros da CEEOA, tem unidades de combate capazes de realizar a operação pedida por Ouattara. Mas o presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, vem pedindo mais tempo para resolver a crise pela via diplomática.
Sob crescente pressão, partidários de Gbagbo afirmam que qualquer intervenção estrangeira levará a Costa do Marfim a uma guerra civil. "Nenhum Exército do mundo pode vir derrubar nosso presidente. Não será aqui que isso acontecerá", alertou Charles Ble Goude, chefe da milícia pró-Gbagbo.
Desde a eleição, o homem reconhecido pela ONU como presidente legítimo permanece isolado em um hotel de Abidjã, maior cidade da Costa do Marfim, sob a guarda de tropas de paz da ONU. Ouattara pediu ontem a ajuda externa do gramado do Hôtel du Golf d"Abidjane.
O responsável pela missão da ONU na Costa do Marfim, Simón Munzu, disse que 210 pessoas já morreram na crise política. Na última semana, mais 31 marfinenses foram assassinados por facções e tribos rivais.
Sanções
Grupos internacionais de direitos humanos acusam as forças de Gbagbo de assassinar opositores.
O Departamento do Tesouro dos EUA proibiu ontem cidadãos e empresas americanas de fazerem negócios com Gbagbo. A medida vale também para políticos que ocupam postos no primeiro escalão do governo da Costa do Marfim e para a mulher do presidente de facto.
Segundo o governo americano, Gbagbo representa uma "ameaça à paz internacional e impede a reconciliação nacional".
"Gbagbo segue demonstrando desprezo em relação à vontade e ao bem-estar dos marfinenses", disse Adam Szubin, diretor do Departamento de Bens Estrangeiros do Tesouro americano. "A sanção de hoje isola a ele e seu círculo mais próximo do sistema financeiro mundial, além de sublinhar o desejo da comunidade internacional de que ele deixe o poder."
Gbagbo chegou ao poder em 2000 e governou durante os dois anos de guerra civil, iniciada em 2002. Seu mandato expiraria em 2005, mas o presidente permaneceu no cargo, argumentando que o país não tinha condições de organizar uma eleição limpa.
As eleições tiveram então de ser remarcadas seis vezes e foram finalmente realizadas no dia 28 de novembro.
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Opositor pede invasão militar da Costa do Marfim - Instituto Humanitas Unisinos - IHU