05 Janeiro 2011
A disputa política por cargos com influência direta no setor rural está cada vez mais acirrada. Lideranças ruralistas e de movimentos sociais pressionam ministros e dirigentes partidários para emplacar alguns nomes nos ministérios e nas estatais da área.
A reportagem é de Mauro Zanatta e publicada pelo jornal Valor,06-01-2011.
No Ministério da Agricultura, a luta é pelo orçamento de R$ 5,8 bilhões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e suas ramificações em todos os Estados. O posto é disputado pelo PTB do atual presidente Alexandre Magno Aguiar e o PT do diretor Silvio Porto. Parte do PMDB do ministro Wagner Rossi advoga pelo ex-governador do Paraná, Orlando Pessuti, que deixou a disputa pela reeleição para fortalecer o palanque da então candidata Dilma Rousseff.
Nos bastidores, informa-se que PTB e PMDB selaram um acordo para manter Aguiar. Mas ministros como Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social), apoiados por Contag, MST, sindicatos e parlamentares petistas, trabalham para garantir Silvio Porto. Credor da presidente Dilma, o senador Osmar Dias (PDT) teria sido convidado, mas declinou. Na Embrapa, cuja direção executiva está "blindada" por regras sucessórias rígidas, foi criada uma comissão para selecionar os três novos diretores. Hoje, dois deles têm ligações com o PT.
A disputa também é renhida no Ministério do Desenvolvimento Agrário. Ali, a competição se dá entre as correntes internas do PT. Depois de uma longa e difícil transição, o novo ministro Afonso Florence quer trocar o comando do Incra e "limpar" as superintendências regionais de indicações partidárias. Em 2003, o governo Lula buscou nos movimentos sociais muitos superintendentes. Depois, cedeu aos apelos de políticos por seus afilhados. Goiás, Mato Grosso do Sul e Maranhão seriam exemplos dos problemas políticos no Incra. Há dois anos, o governo tentou mudar, mas esbarrou nas dificuldades partidárias. Em conversa com a presidente Dilma, o ministro indicou ontem o atual secretário Carlos Guedes para substituir Rolf Hackbart. Mas o fato de ser da corrente Democracia Socialista, a mesma do ministro, pode dificultar a nomeação.
A secretaria de Agricultura Familiar deve ser ocupada pelo ex-assessor internacional Laudemir Müller. E a Contag já pediu ao ministro a permanência dos atuais secretários José Humberto Oliveira e Adhemar de Almeida. A Contag também articula, em parceria com federações e partidos, algumas indicações para emplacar os delegados do MDA nos Estados.
Um dos mais cobiçados e estratégicos cargos da área rural, a vice-presidência de Agronegócios do Banco do Brasil é disputada internamente no governo. O atual ocupante, o ex-ministro Luís Carlos Guedes Pinto, enfrenta a candidatura do secretário-adjunto do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, recomendado pelo ministro Guido Mantega e parte do governo. Mas tem a oposição de ruralistas e da burocracia do BB. O cargo ainda pode ser oferecido ao senador Osmar Dias, cujo objetivo inicial era presidir a Itaipu Binacional. O ex-governador Iris Rezende (PMDB) também é candidato. Uma definição dependerá dos acordos para a eleição do novo presidente da Câmara, em fevereiro.
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Aumenta a disputa no setor rural - Instituto Humanitas Unisinos - IHU