22 Março 2012
Em greve desde o último dia 10, cerca de 16 mil trabalhadores que constroem a Usina Jirau, no rio Madeira, ganharam nesta quarta-feira, 21, o apoio de parte dos funcionários da Usina de Santo Antônio, no mesmo rio, que também pararam momentaneamente as atividades. A calma nos canteiros de obras é mantida pela Secretaria de Segurança, Defesa e Cidadania de Rondônia (Sesdec), que já pediu ajuda da Força Nacional de Segurança.
A reportagem é de Nilton Salina e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 22-03-2012.
Ao contrário do que aconteceu na última greve, em março de 2011, nada foi destruído em Jirau. Para manter os ânimos sob controle, a empresa Camargo Corrêa, que representa o Consórcio Energia Sustentável do Brasil (ESBR), chegou a dispensar temporariamente do trabalho aproximadamente 5 mil funcionários, que decidiram não aderir ao movimento. A empresa alega que serviços essências são mantidos.
A greve em Jirau foi iniciada por cerca de mil funcionários da Enesa Engenharia, empresa terceirizada responsável pela montagem das turbinas. Dois dias depois os contratados diretamente pela Camargo Corrêa começaram a aderir ao movimento. Dentre outras coisas eles reivindicam reajuste salarial de 30% para todas as categorias e cinco dias de folga para cada 70 trabalhados. Atualmente as folgas são a cada 90 dias.
Com a adesão de funcionários da própria Carmargo Corrêa, a greve passou a ser controlada pelo Sindicato dos Trabalhadores na Construção Pesada (Sticcero), que na paralisação de 2011 foi acusado de impedir os que queriam trabalhar de entrar no canteiro de obras. O desembargador Ilson Alves Pequeno Júnior, do Tribunal Regional do Trabalho 14ª Região (TRT), declarou a greve ilegal e determinou a volta ao trabalho no último dia 15.
A multa estipulada pela Justiça do Trabalho por descumprimento de decisão é de R$ 200 mil por dia, sendo R$ 100 mil para os funcionários da Camargo Corrêa e mais R$ 100 mil para os da Enesa Engenharia. Mesmo assim, o Sticcero reuniu os trabalhadores na última sexta-feira e foi decidido que a greve prosseguiria, para forçar o consórcio ESBR a conceder o reajuste e atender a pauta de reivindicações de 10 itens.
A Camargo Corrêa informou que disponibiliza aos trabalhadores alojamentos no canteiro de obras, que já foram vistoriados pela Justiça do Trabalho e por diversas comissões da Câmara Federal e do Senado. É uma resposta da empresa a um dos itens da pauta de reivindicações, que é o oferecimento de alojamentos adequados. A empreiteira também anunciou que sempre esteve aberta às negociações.
As usinas de Jirau e Santo Antônio, depois de concluídas, terão capacidade para gerar 6.600 MW, que atenderão os grandes polos consumidores do Brasil. Juntas as duas obras geram aproximadamente 40 mil empregos. A primeira está localizada a aproximadamente cem quilômetros da área urbana. A outra está a menos de dez quilômetros de Porto Velho.
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Greve em Jirau atinge a Usina de Santo Antônio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU