Soja ocupa 10% do cerrado

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14 Setembro 2022

 

O Cerrado já perdeu quase metade de sua vegetação nativa e, com isso, está ficando mais quente e seco.

 

A reportagem é do Projeto MapBiomas, 11-09-2022.

 

Entre 1985 e 2021, a área ocupada por lavouras de soja no Cerrado cresceu 1443%, ocupando quase 20 milhões de hectares, ou 10% do bioma, no ano passado. Nestes 37 anos, as atividades agrícolas expandiram-se 508%, passando de 4 milhões de hectares para quase 25 milhões de hectares no Cerrado. Desse total, 20 milhões são de soja. Nos últimos 10 anos, porém, essa cultura avançou sobretudo sobre áreas de vegetação nativa nos estados do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Juntos, eles respondem por 80% da conversão direta de vegetação nativa para sojicultura entre 2011 e 2021. Outro estado que se destaca é Minas Gerais, onde as lavouras de soja saltaram de 14 mil hectares em 1985 para 2,4 milhões de hectares em 2021.

 

 

Os dados são da mais recente coletânea de informações sobre ocupação e uso da terra no território brasileiro produzida pelo MapBiomas a partir de todas as imagens disponíveis nos últimos 37 anos pelos satélites Landsat. O levantamento sobre o segundo maior bioma brasileiro mostra ainda que praticamente um terço (30,6%) da antropização de áreas do Cerrado aconteceu nos últimos 37 anos. Em 2021 apenas metade do bioma (53,1%) ainda está coberto por vegetação nativa. Foram 27,9 milhões de hectares de vegetação nativa perdidos entre 1985 e 2021.

 

“O Cerrado está passando por dois processos simultâneos de transformação. Por um lado, áreas já antropizadas, de pastagens, convertem-se em lavouras. Por outro, no entanto, vemos as lavouras entrarem diretamente sobre a vegetação nativa. Isso indica que o aumento de produção no bioma não está se dando graças a melhores práticas e manejo de solo, mas pela abertura de novas áreas de cultivo”, explica Dhemerson Conciani, pesquisador do IPAM e que faz parte da equipe do Cerrado no MapBiomas. A substituição de pastagens pelo cultivo de grãos ocorre com mais intensidade ao Sul e Sudeste do bioma, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

 

Os pesquisadores do MapBiomas temem pelos efeitos dessa transformação, tão rápida e radical. “Não sabemos o ponto de não retorno do Cerrado”, alerta Julia Shimbo, pesquisadora do IPAM e coordenadora científica do MapBiomas. “Porém já há evidências do impacto dessa perda de vegetação nativa sobre o clima regional”. Artigo publicado por pesquisadores brasileiros concluiu que a conversão de áreas nativas do Cerrado para pastagens e agricultura já tornou o clima na região quase 1°C mais quente e 10% mais seco. “Mudanças climáticas globais ainda podem agravar esse cenário de aumento de temperatura e redução de chuvas, trazendo prejuízos para a agricultura, o abastecimento de água das cidades e a produção energética do país.”, completa Julia.

 

A preservação do Cerrado depende fortemente dos proprietários privados, pois o bioma conta com apenas 12% de seu território protegido por algum tipo de unidade de conservação ou terra indígena. “Isso faz com que 67% do que resta de vegetação nativa esteja em propriedades particulares, acentuando a responsabilidade do setor privado na conservação da savana mais biodiversa do mundo”, salienta.

 

O bioma ganhará um novo sistema de monitoramento de alertas de desmatamento na próxima semana. O Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado), é lançado nesta segunda, 12 de setembro às 10:30, pelo IPAM em parceria com a rede MapBiomas e com o LAPIG/UFG. O sistema utiliza algoritmos de inteligência artificial e imagens do satélite Sentinel-2 de 10 metros de resolução para detecção de alertas de desmatamento cobrindo todo o bioma.

 

 

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