29 Agosto 2012
Naquela que pode ser uma das viagens mais desafiadoras do seu papado, Bento XVI deverá visitar o Líbano entre os dias 14 e 16 de setembro, contra o pano de fundo de uma insurreição sangrenta na vizinha Síria e de tensões profundas nas relações muçulmano-cristãs em várias partes do mundo .
A análise é de John L. Allen Jr., publicada no sítio do jornal National Catholic Reporter, 27-08-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
As autoridades vaticanas repetidamente disseram que as preocupações com relação à segurança não irão atrapalhar a viagem, mas, mesmo que o papa possa ser mantido a salvo, ninguém contesta que será um ato de equilíbrio nas alturas tanto diplomático quanto inter-religioso.
Assumindo que ela ocorra, a viagem irá marcar a primeira visita de Bento XVI ao Oriente Médio desde a Primavera Árabe e a sua quarta visita em geral à região depois da Turquia em 2006, da Terra Santa em 2009, e do Chipre em 2010. O objetivo oficial é o de apresentar as conclusões do Sínodo dos Bispos sobre o Oriente Médio do Vaticano, de outubro de 2010.
O Líbano é uma óbvia plataforma de destaque, já que os cristãos compõem 39% da população de 4,1 milhões, a maior pegada cristã em termos percentuais do Oriente Médio. O Líbano é o centro espiritual da Igreja Maronita, que remonta as suas raízes a São Maron, um monge sírio do século IV, e é a terceira maior das 22 Igrejas orientais em comunhão com Roma.
A viagem se desdobra em meio à ansiedade de que a violência na Síria possa transbordar para o outro lado da fronteira.
Em meados de agosto, cinco países predominantemente árabes sunitas aconselharam seus cidadãos a deixarem o Líbano, por medo da violência pró-Síria por parte da grande comunidade xiita. Alguns cidadãos libaneses foram sequestrados na Síria por forças rebeldes, sob a acusação de apoiar o regime de Assad, enquanto clãs xiitas do Líbano detiveram sírios sob a suspeita de apoiar os rebeldes.
Embora Bento XVI repetidamente tenha apelado por um fim ao derramamento de sangue na Síria, o Vaticano não tomou uma posição clara sobre a controversa questão da intervenção militar. No fim de julho, um porta-voz vaticano disse que o país está passando por uma "lenta descida ao inferno", mas também chamou a perspectiva de uma resposta armada internacional de "muito preocupante".
Um jesuíta italiano que viveu na Síria por 30 anos até ser expulso por apoiar a revolta anti-Assad, padre Paolo Dall'Oglio, criticou essa visível ambivalência. Se você não acredita que as tropas estrangeiras têm às vezes um papel legítimo a desempenhar na manutenção da paz, disse ele à Rádio do Vaticano no início de agosto, então o que a Guarda Suíça faz na Praça de São Pedro?
Qualquer pessoa que espera um pronunciamento claro de Bento XVI sobre a situação síria pode se decepcionar, em parte porque os cristãos libaneses estão divididos. Alguns, incluindo o ex-general e político Michel Aoun, estão aliados com o Hezbollah e são simpáticos a Assad. Outros, especialmente a Aliança 14 de Março, são fortemente anti-Síria e anti-iranianos.
Essa divisão está em claro contraste com a última vez em que um papa visitou o Líbano.[...]
Linha apolítica
A maioria dos especialistas esperam uma linha em grande parte apolítica de Bento XVI, destacando um papel humanitário para os cristãos como reconciliadores, pacifistas e promotores da caridade em todas as divisões sectárias e ideológicas.
Em termos de resultados da Primavera Árabe, poucos esperam que o papa manifeste uma visão explícita para o futuro das sociedades do Oriente Médio, a não ser exaltando o pluralismo religioso e os direitos das minorias. Ambos são considerados essenciais para a presença cristã pequena mas simbolicamente importante na região, já ameaçada por décadas de emigração.
O Líbano também oferece a Bento XVI uma plataforma para abordar a relação mais ampla entre cristãos e muçulmanos.
Desde que provocou uma tempestade de protestos islâmicos em 2006, com um discurso em Regensburg, Alemanha, que parecia vincular Maomé à violência, Bento XVI tentou colocar as relações novamente nos eixos. Durante uma parada na Jordânia, em 2009, Bento XVI propôs uma "aliança de civilizações", delineando cristãos e muçulmanos como aliados naturais na luta contra o secularismo.[...]
(Cf a notícia do día 29/08/2012 desta página)
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Não desvie o olhar daquele que pede alguma coisa para você,
(Eclo 4, 1-5a)
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Viagem de Bento XVI ao Líbano pode ser a mais desafiadora de seu papado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU