21 Novembro 2023
O Dicastério para a Doutrina da Fé, sob a direção do cardeal Víctor Manuel Fernández, publica um novo memorando... desta vez sobre os católicos e a Maçonaria.
A reportagem é de Loup Besmond de Senneville, publicada em La Croix International, 20-11-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Mais uma vez, um novo documento foi publicado – inesperadamente e sem anúncio prévio – no site do Dicastério para a Doutrina da Fé. Esta última nota, que reafirma a incompatibilidade entre a fé católica e a Maçonaria, foi publicada no dia 15 de novembro e mais uma vez pegou a todos de surpresa.
A carta é a resposta do dicastério a um bispo filipino que pediu orientação ao escritório doutrinal para lidar com um número crescente de católicos de sua diocese que pretendem tornar-se maçons. Essa carta nunca foi enviada aos jornalistas.
Esse método é semelhante ao utilizado na semana anterior, com uma nota sobre o batismo de pessoas trans e, no início de outubro, sobre a família.
A falta de comunicação em torno dessas notas não é tão surpreendente, já que é costume do Vaticano divulgar tais documentos sem explicá-los. O que é surpreendente, contudo, é o ritmo recente das publicações.
Muitos atribuem essa aceleração a um homem – o cardeal Víctor Manuel Fernández. Prefeito do “Santo Ofício” desde setembro, ele decidiu claramente responder a uma série de perguntas doutrinais encontradas em sua mesa quando chegou. E, para fazer isso, apelou a alguns teólogos que são membros da “primeira seção” do dicastério, que é especificamente responsável pelas questões doutrinais.
“As primeiras salvas do ‘canhão Fernandez’ foram disparadas”, brincou um entusiasta observador da Cúria Romana, que vê aqui o sinal de um método favorecido pelo cardeal argentino.
Dada a proximidade de Fernández com o Papa Francisco, é um eufemismo dizer que as pessoas no Vaticano estão examinando de perto as declarações e as atividades do novo prefeito. Sua nomeação há poucos meses provocou muitas críticas devido a seu perfil, considerado por alguns como muito distante dos círculos teológicos clássicos. “Fernández é um trem desgovernado”, disse uma fonte vaticano.
Quando Francisco nomeou o cardeal ao dicastério ainda em julho, ele também deu ao homem conhecido como “Tucho” uma declaração de missão. O papa o encarregou de “zelar pelo ensinamento” da Igreja, “mas não como inimigos que apontam o dedo e condenam”.
Como “guardião do dogma” da Igreja, essa é uma tarefa que o cardeal Fernández pretende realizar plenamente… sem se preocupar com quem o critica.
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Primeiras salvas do “canhão Fernández” sacodem o Vaticano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU