BNDES insiste em defender exploração de petróleo para financiar transição energética

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09 Novembro 2023

Nem mesmo antecipação do pico de consumo de petróleo para antes de 2030 projetada pela Agência Internacional de Energia demove banco de querer mais petróleo.

A reportagem é publicada por ClimaInfo, 08-11-2023. 

Uma semana após o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, defender na Comissão de Meio Ambiente do Senado a exploração de petróleo na foz do Amazonas – que, estrategicamente, agora nomeia como “Margem Equatorial” –, informa o Valor, a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática [????] do banco, Luciana Costa, assina um artigo com outros técnicos da instituição reforçando o discurso do chefe. O documento tem o sugestivo [e falacioso] título “A transição energética e o setor de óleo e gás brasileiro”.

A visão do BNDES e da ala do governo que defende um desenvolvimento típico do século passado, capitaneada por Petrobras e os ministérios de Minas e Energia e Casa Civil, é que a renda petrolífera será fundamental para a transição energética, informam epbr e Petronotícias. “A Noruega utiliza a renda que ainda acumula com o petróleo para ser um dos países que mais investem na agenda de combate ao aquecimento global”, diz o estudo.

Para defender a suspeitíssima premissa mais petróleo para mais transição, o artigo liderado por Luciana Costa destrincha cifras vultosas. Diz que o setor de petróleo e gás fóssil brasileiro deve contribuir com R$ 3,96 trilhões no PIB nacional até 2032. A geração de empregos, no mesmo período, deve garantir R$ 792 bilhões em salários e outros R$ 487 bilhões em impostos, sem contar as participações governamentais.

“A renda do petróleo, além de ser usada para financiar a transição, pode ser utilizada para viabilizar uma nova fase de industrialização. O Brasil tem grande potencial de se consolidar como um grande produtor mundial de várias formas de energia competitivas e ambientalmente sustentáveis. O enfrentamento mundial do aquecimento global e a transição energética para uma economia de baixo carbono podem abrir novas possibilidades para o país, desde que se opte por uma política de transição que equilibre os diversos desafios e oportunidades existentes, sem comprometer a segurança de abastecimento de energia”, continua o texto.

Mais uma vez, o que se vê é um jogo de erros. A começar pelos valores, que, se as projeções de queda de consumo da IEA se confirmarem, não deverão ser tão grandes. Soma-se a isso o fato de que o setor de combustíveis fósseis, em todo o mundo, é um dos mais subsidiados por governos. Se a ideia é gerar recursos para limpar a matriz energética, a proposta é investir dinheiro público em mais energia suja para, depois, produzir energia limpa?

Essa conta, mais uma vez, não fecha. Nem financeiramente, nem para a nossa sobrevivência no planeta diante da escancarada crise climática. Cuja principal causa, como se sabe, é a queima dos combustíveis fósseis.

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