08 Novembro 2023
O artigo é de José Antonio Pagola, teólogo espanhol, publicado por Religión Digital, 06-11-2023.
Entre os primeiros cristãos houve, sem dúvida, “bons” discípulos e “maus” discípulos. No entanto, ao escrever o seu evangelho, Mateus está mais preocupado em lembrar que, dentro da comunidade cristã, existem discípulos “sensatos” que agem com responsabilidade e discípulos “tolos” que agem de forma frívola e descuidada. O que isto significa?
Mateus se lembra de duas parábolas de Jesus. A primeira é muito clara. Há alguns que “ouvem as palavras de Jesus” e “as colocam em prática”. Eles levam o evangelho a sério e o traduzem em vida. São como o “homem sensato” que constrói a sua casa na rocha. É o setor mais responsável: aqueles que constroem a sua vida e a da Igreja sobre a verdade de Jesus.
Mas também há quem ouça as palavras de Jesus e “não as ponha em prática”. Eles são tão “tolos” quanto o homem que “constrói sua casa na areia”. A vida dele é um absurdo. Se fosse apenas por eles, o cristianismo seria uma mera fachada, sem nenhum fundamento real em Jesus.
Esta parábola nos ajuda a captar a mensagem fundamental de outra história em que um grupo de jovens sai, cheios de alegria, à espera que o noivo o acompanhe à festa de casamento. Desde o início somos avisados de que alguns são “sensatos” e outros “tolos”.
As "sensatas" levam consigo óleo para manter acesas as suas lâmpadas; as “tolas” não pensam em nada disso. O marido chega atrasado, mas chega à meia-noite. As “sensatas” saem com suas lamparinas para iluminar o caminho, acompanham o marido e “entram com ele” na festa. As “tolas”, por sua vez, não sabem como resolver o seu problema: “suas lâmpadas se apagam”. Assim, não podem acompanhar o marido. Quando elas chegam já é tarde. A porta está fechada.
A mensagem é clara e urgente. É tolice continuar a ouvir o Evangelho sem fazer um esforço maior para o transformar em vida: é construir o cristianismo sobre a areia. E é tolice confessar Jesus Cristo com uma vida apagada, vazia do seu espírito e da sua verdade: é esperar Jesus com as “lâmpadas apagadas”. Jesus pode levar tempo, mas não podemos mais atrasar a nossa conversão.
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Espere por Jesus com as lâmpadas acesas. Artigo de José Antonio Pagola - Instituto Humanitas Unisinos - IHU