07 Novembro 2023
Após mais um ciclone provocar tempestades na região, mobilização pede que governo gaúcho reconheça emergência climática no estado e interrompa geração elétrica a carvão fóssil.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 06-11-2023.
No Sul, o feriadão de Finados trouxe mais um ciclone extratropical provocando fortes chuvas, inundações e destruição em várias partes da região. Mas também foi marcado por uma mobilização pelo reconhecimento imediato de que há uma emergência climática que precisa ser levada a sério pelos governantes, inclusive com o fim da geração de energia elétrica à base de carvão fóssil.
Na 6ª feira (3/11), em Porto Alegre, uma manifestação organizada pelo coletivo Eco Pelo Clima, com apoio de 350.org, Idec e ClimaInfo, pediu uma transição energética limpa, justa e popular e o fim da exploração de carvão na Região Sul e de seu uso para produzir eletricidade. Os manifestantes também reivindicaram a aprovação, pelo governo gaúcho, do projeto de lei 23/2023, que decreta emergência climática no estado, informa o Jornal do Comércio.
“Decretar Emergência Climática significa reconhecer a extrema gravidade representada pelo aquecimento global e tomar as medidas urgentes e necessárias para garantir a segurança e a qualidade de vida da população. Reduzir a dependência econômica dos combustíveis fósseis, a começar pelo fim dos subsídios à indústria do carvão, é o primeiro passo em direção a uma transição energética justa”, explicaram o Eco pelo Clima e a Coalizão Energia Limpa, que também apoia a mobilização, em post no Instagram.
O Brasil de Fato explicou que há também uma grande preocupação com o Projeto de Lei nº 4.653/2023, proposto por três senadores gaúchos – Hamilton Mourão (Republicanos), Luiz Carlos Heinze (Progressista) e Paulo Paim (PT). O PL propõe fornecer subsídios ao uso do carvão mineral (quase R$ 1 bilhão/ano, segundo a ANEEL) e a outros combustíveis fósseis até 2040.
Mesmo com baixíssima participação na matriz elétrica brasileira, as térmicas a carvão no Sul lideraram as emissões do setor elétrico em 2022, mostrou o IEMA. “Se aprovada, essa lei empurra com a barriga o uso do carvão mineral como fonte energética. Vale lembrar que o carvão gera emissões de gases tóxicos, acidificação dos cursos d’água, cinza e particulados”, reforçou Renata Padilha, do Eco pelo Clima.
Enquanto isso, moradores de diversas áreas de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná sofrem com os efeitos de mais uma onda de tempestades e ventos fortes que atingiu a região. Uma rua se transformou em um “rio de lama” em Blumenau, no Vale do Itajaí, mostra o g1. Ainda em Santa Catarina, no oeste do estado, famílias ficaram ilhadas e tiveram de ser resgatadas pelos bombeiros após a rápida elevação dos rios que cortam as cidades de Jardinópolis, Quilombo e São Domingos, informa a CNN.
No norte gaúcho, houve registro de alagamentos em Iraí, Nonoai, Barão de Cotegipe, Tupanci do Sul e Barra do Rio Azul, com moradores desalojados, relata a GZH. E no Paraná, detalha o Poder 360, havia pelo menos 27 municípios em situação de emergência devido aos temporais. Foram atingidas 131 cidades nos últimos dias, com pelo menos 93.037 pessoas afetadas.
Jornal do Comércio, O Globo, Notícias Agrícolas, Meteored, Agência Brasil e Brasil de Fato também destacaram os impactos das fortes chuvas no Sul.
Fortes chuvas também atingiram boa parte do estado de São Paulo, no Sudeste, durante o feriadão, tendo o governo do estado registrado sete mortes até o momento da edição desta nota. Tempestades e ventos fortes derrubaram diversas árvores na capital, interditando ruas e derrubando a rede elétrica. Várias áreas da região metropolitana de São Paulo ficaram sem luz, e algumas delas ainda estavam sem fornecimento de energia elétrica neste domingo (5/11). Os óbitos, segundo a Defesa Civil, estão relacionados às causas da chuva, como queda de árvores, muros e paredes. g1, CNN, R7, Estadão, Metrópoles, UOL e Agência Brasil deram destaque aos estragos provocados pelas chuvas em São Paulo.
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Com o Sul arrasado por chuvas, manifestantes pedem fim da geração a carvão e reconhecimento da emergência climática - Instituto Humanitas Unisinos - IHU