Em um podcast respondendo às mensagens dos jovens, o Papa Francisco disse a um jovem transgênero que “Deus nos ama como somos”, seguindo comentários anteriores deste ano expressando as boas-vindas a um jovem não-binário.

A reportagem é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 27-07-2023. 

As últimas observações do papa foram feitas durante o “Popecast” do Vatican News, divulgado antes da Jornada Mundial da Juventude na próxima semana, no qual Francisco respondeu a mensagens de áudio de jovens marginalizados. Uma mensagem veio de Giona, uma católica transgênero e deficiente na Itália, que falou sobre estar “dividida pela dicotomia” entre sua identidade de gênero e sua fé. O Vatican News informou:

“O Papa ofereceu palavras de encorajamento, dizendo 'Deus nos ama assim como somos' e que 'o Senhor sempre nos acompanha, sempre. Mesmo que sejamos pecadores, Ele se aproxima para nos ajudar.' O Papa acrescentou: 'não desista, continue lutando'.

A Catholic Review observou que Francisco também usou o nome de Giona, que se traduz em inglês como “Jonas”, para a história do profeta nas Escrituras:

“Como o profeta Jonas, 'muitas vezes as pessoas são teimosas', disse ele, 'e essa teimosia nos fecha' ao amor de Deus. No entanto, o Papa exortou Giona a 'não se render' e lembrou que 'Deus sempre nos acaricia' e 'caminha conosco', mesmo que às vezes seja difícil sentir".

Francis respondeu a outros jovens que lutavam com sua saúde mental, foram presos e tiveram dificuldades profissionais. Ele também se dirigiu a um professor de religião.

No início deste ano, o papa fez comentários LGBTQ+ semelhantes em uma conversa separada com jovens como parte de um documentário para o serviço de streaming Disney+, intitulado “The Pope: Answers”.

No curta-metragem 1, Francisco discutiu com franqueza e pastoral as questões levantadas pelos dez jovens. Os participantes tinham entre 20 e 25 anos, vinham de vários países e apenas alguns permaneciam católicos. Os jovens incluíam um ativista pró-escolha, uma profissional do sexo, um sobrevivente de abuso do clero, um ex-noviço na vida religiosa e uma pessoa não-binária. Sobre este último jovem, o Vatican News noticiou:

“Outra espanhola [sic], Celia, se apresenta e explica que é não-binária e cristã. 'Você sabe o que é uma pessoa não binária?' ela pergunta ao Papa. Ele responde que sim, mas ela explica mesmo assim que 'uma pessoa não-binária é aquela que não é nem homem nem mulher, ou, pelo menos, não o tempo todo'. Então ela quer saber se há espaço na Igreja para a diversidade sexual e de gênero.

“O Papa responde alargando o horizonte ao desafio eclesial da inclusão: 'Toda pessoa é filho de Deus, toda pessoa. Deus não rejeita ninguém, Deus é Pai. E não tenho o direito de expulsar ninguém da Igreja. Não só isso, meu dever é sempre acolher. A Igreja não pode fechar a porta a ninguém. Para ninguém.'

“Logo a seguir, o Papa dirige a crítica àqueles que, tendo a Bíblia como referência, promovem discursos de ódio e justificam a exclusão do chamado movimento LGBT da comunidade eclesial. Essas pessoas, diz ele, 'são infiltrados que se aproveitam da Igreja para suas paixões pessoais, para sua estreiteza pessoal. É uma das corrupções da Igreja'”.

Francis DeBernardo, diretor executivo do New Ways Ministry, chamou a observação do podcast do papa do Vaticano de “um grande sinal de boas-vindas às pessoas LGBTQ+”, que foi “mais uma vez modelando o tipo de mensagem de alcance pastoral que ele deseja que o resto da igreja siga”. DeBernardo, cujo depoimento completo está disponível aqui, continuou:

“Se as mensagens do papa de aceitação incondicional e compassiva encorajarem ministros, teólogos e oficiais da igreja a ouvir com mais atenção as histórias de vida e jornadas espirituais de pessoas trans e não-binárias, eles terão o poder de transformar a prática pastoral e, eventualmente, o ensino da igreja que atualmente tem muitas mensagens condenatórias para pessoas LGBTQ+".

“O que é mais necessário do Papa Francisco é um repúdio às mensagens anti-trans dos líderes da igreja, como usar o termo 'ideologia de gênero' para se referir a compreensões científicas precisas de gênero que reconhecem que o binário masculino/feminino não é a única maneira de gênero se manifesta na natureza humana”.

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