09 Fevereiro 2023
O padre Jean-Pierre Badidike foi o primeiro presidente do grupo Justiça e Libertação, uma associação cristã de defesa dos direitos humanos de Kisangani, sua cidade natal e diocese. O atual secretário-geral da Associação das Conferências Episcopais da África Central – ACEAC conversa com Vida Nueva, após a visita de Francisco à República Democrática do Congo, país que sofreu o mais mortal conflito bélico desde a Segunda Guerra Mundial.
A entrevista é de Rubén Cruz, publicada por Vida Nueva Digital, 05-02-2023. A tradução é do Cepat.
Que frutos a visita deixará?
O povo congolês é profundamente religioso. A visita apostólica do Papa foi esperada até pelos não católicos, porque Francisco representa uma figura emblemática da fé. Sua presença contribuiu para uma dinâmica de terapia para um povo que passou os últimos anos em um ciclo infernal de guerras e violências de todos os tipos.
Por outro lado, os mais velhos relembram as visitas do Papa João Paulo II, a quem permanecem profundamente unidos. Para eles, é uma oportunidade de vivenciar momentos ainda mais espirituais com outro Sucessor de Pedro.
Conheço pessoalmente os dois irmãos gêmeos que, aos seis anos, foram escolhidos para oferecer um buquê de flores a Karol Wojtyla, em Kisangani. Hoje, são adultos e atores políticos nas instituições do Estado, e quiseram viver outro momento “mágico”, apesar da idade, protagonizando outro papel na liturgia presidida por Francisco. É preciso dizer que esta presença pastoral do Papa foi profundamente terapêutica.
Como os cristãos não católicos vivenciaram esta viagem?
Eu mesmo venho de uma família ecumênica, meu falecido pai era católico e minha mãe protestante, então, em casa tínhamos reuniões semanais das comunidades de base, às vezes, para católicos e outras para protestantes. Neste caso, o presidente das comunidades protestantes convidou os fiéis a se unirem à alegria dos católicos na visita do Papa.
As palavras do Papa servirão para acabar com a violência?
Francisco é uma figura moral que exorta os belicistas a cultivar a paz entre as pessoas e entre as nações. Cabe aos políticos internalizar e colocar em prática a mensagem do Papa. Quanto a nós, cristãos, fomos interpelados a nos envolver no compromisso pela paz.
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“A visita do Papa à República Democrática do Congo foi terapêutica”. Entrevista com Jean-Pierre Badidike - Instituto Humanitas Unisinos - IHU