• “Há quem presuma já saber quais serão as conclusões da Assembleia sinodal. Outros gostariam de impor uma agenda ao Sínodo, com a intenção de orientar o debate e condicionar seus resultados”;
  
  
• "Quem tenta impor um tema ao Sínodo esquece a lógica que rege o processo sinodal: somos chamados a traçar um 'caminho comum' a partir da contribuição de todos";
  
  
• "Quanto mais crescermos no estilo sinodal da Igreja, mais todos os membros do Povo de Deus - fiéis e Pastores - aprenderão a sentire cum Ecclesia, na fidelidade à Palavra de Deus e à Tradição";
  
  
• "A totalidade dos fiéis que têm a unção do Espírito Santo não pode se enganar quando crê".

A informação é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 30-01-2023.

“Quem tenta impor um tema ao Sínodo esquece a lógica que rege o processo sinodal”. O Secretário Geral do Sínodo, Cardeal Mario Grech, e o Relator Geral da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, Cardeal Jean-Claude Hollerich, enviaram uma carta aos bispos de todo o mundo na qual recordam quais são os objetivos autênticos, e quais não são, do processo sinodal aberto pelo Papa Francisco na Igreja Católica.

Na carta, Grech e Hollerich agradecem aos bispos por sua participação no processo sinodal, mas alertam: “não há exercício da sinodalidade eclesial sem o exercício da colegialidade episcopal ”.

A versão portuguesa da carta pode ser lida aqui.

Expectativas e imposições

"Há quem presuma já saber quais serão as conclusões da Assembleia sinodal. Outros gostariam de impor uma agenda ao Sínodo, com a intenção de orientar o debate e condicionar seus resultados", lamentam Grech e Hollerich. “As expectativas para o Sínodo 2021-2024 são muitas e variadas, mas não é tarefa da Assembleia abordar todas as questões em torno das quais a Igreja está debatendo”, enfatizam.

"Quem tenta impor um tema ao Sínodo esquece a lógica que rege o processo sinodal: somos chamados a traçar um 'caminho comum' a partir da contribuição de todos", denunciaram os prelados, que lembram que estamos diante de um "processo articulado em etapas”. “Precisamente pelo vínculo entre as diferentes fases, outros temas não podem ser introduzidos sub-repticiamente, valendo-se da Assembleia e ignorando a consulta do Povo de Deus”, sublinham.

Carta de Grech e Hollerich

O processo de escuta e discernimento , enfatizam, já é muito mais concreto do que no início. Daí a decisão de devolver o documento de trabalho às Igrejas particulares, “pedindo a cada uma que escute a voz das outras, que ressoa através daquele documento, relendo assim as etapas do processo sinodal em nível de maior consciência”. “A única regra que nos demos é permanecer escutando o Espírito”, afirmam.

Claro, eles esclarecem: "As questões propostas pelo DEC não constituem a agenda da próxima Assembleia do Sínodo dos Bispos, mas retornam fielmente o que emerge dos resumos enviados pelos Sínodos/Conselhos das Igrejas sui iuris e pelos as Conferências Episcopais, revelando o rosto de uma Igreja que aprende a escutar o Espírito através da escuta recíproca".

A bola, na quadra das Assembleias Continentais

Assim, “será tarefa das Assembleias Continentais, a partir das ressonâncias que a leitura do DEC terá suscitado em cada Igreja particular, identificar quais são as prioridades, os temas recorrentes e os apelos à ação que podem ser partilhados com as outras Igrejas. lugares do mundo e discutidos" na fase mundial, que começa em outubro próximo.

"Quanto mais crescermos no estilo sinodal da Igreja, mais todos os membros do Povo de Deus - fiéis e Pastores - aprenderão a sentire cum Ecclesia, na fidelidade à Palavra de Deus e à Tradição", aponta o escrito , que se pergunta “ Como poderíamos abordar questões específicas, muitas vezes divisivas, sem antes ter respondido à grande pergunta que se faz à Igreja desde o Concílio Vaticano II: “Igreja, o que dizes de ti mesma? ”

“O atual processo sinodal está nos mostrando como isso é possível”, conclui a carta, que sustenta, com o Concílio, que “a totalidade dos fiéis que têm a unção do Espírito Santo não pode se enganar quando crê”, e recorda a cada Bispo que participa quando "inicia, guia e conclui a consulta do Povo de Deus que lhe foi confiado".

“Trata-se de continuar neste caminho, sem confundir a sinodalidade com um mero método, mas assumindo-a como a forma da Igreja e o estilo de realizar a missão comum de evangelização”, afirmam Grech e Hollerich. “Que melhor maneira do que “caminhar juntos”, com a certeza de que “o caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio”.

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