Católicos na Amazônia esperam que COP15 gere projetos a favor da floresta

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15 Dezembro 2022

Enquanto representantes de quase 200 países se reúnem para a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade em Montreal (COP15), ativistas ambientais que vivem na região amazônica esperam que as propostas da conferência gerem novos projetos em favor da floresta e das populações que vivem na região.

A reportagem é de Lise Alves, publicada por National Catholic Reporter, 14-12-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

“Mais da metade das florestas tropicais remanescentes do mundo estão no bioma amazônico”, diz Ima Célia Vieira, pesquisadora e assessora da REPAM, Rede Pan-Amazônica de Igrejas, no Brasil.

Vieira diz que é consenso na comunidade científica que a Amazônia é fundamental para a conservação da biodiversidade e regulação do clima do planeta e que o Brasil já mostrou que é possível entender a região e conter a destruição da Amazônia por meio de instituições fortes e fiscalização de perto.

Para Alírio Cáceres Aguirre, diácono da Arquidiocese de Bogotá, Colômbia, a região amazônica não só ajuda a remediar a emergência climática, mas, devido à complexidade de seu bioma, regula os batimentos cardíacos da Terra.

“A Amazônia é o berço de uma nova forma de viver o cristianismo. A Amazônia se ama, se cuida, se defende. A Amazônia não está à venda. Não é tarefa só dos bispos, é da comunidade dos batizados que, a partir de sua diversidade, naveguem (esta região), proclamando a vida plena e transbordante anunciada por Jesus”, afirma o diácono Aguirre, que também é membro da Rede Ecológica Eclesial Mesoamericana, vinculada à Conferência Eclesial da Amazônia.

O diácono acrescenta que um dos pontos a serem observados na COP15 é a influência que o Ensino Social da Igreja pode ter entre os tomadores de decisão dos diferentes países.

Ele frisa que a presença da Igreja na Amazônia está ligada à mudança sistêmica proposta nos documentos papais Laudato Si', Fratelli Tutti e Querida Amazônia.

“Nossa civilização requer uma profunda conversão ecológica. Para isso, deve ter a sabedoria dos povos originários que conviveram com a selva por milhares de anos sem destruí-la”, explica o diácono.

No entanto, diz ele, as conferências anteriores indicam que a ONU é ineficaz na hora de determinar o cumprimento dos acordos, e algo semelhante pode ocorrer com a COP15.

“É evidente a falta de vontade política para financiar as metas de Aichi (biodiversidade), acordadas na COP10 em Nagoya, no Japão, em 2010”, afirma.

O diácono Aguirre disse que o Plano Estratégico de Diversidade Biológica 2011-2020 da COP10 morreu, enquanto a perda de biodiversidade cresceu exponencialmente desde 1970, chegando a 69%. No mesmo período, a taxa de desmatamento na Amazônia ultrapassou 20%, e o aumento de sua temperatura média está acima de 1 °C, segundo o World Wide Fund for Nature.

Ele destaca que os membros da Conferência Eclesial da Amazônia acreditam que a COP15 deve fornecer uma estrutura mundial para a diversidade biológica.

Mas isso, observa, requer uma “economia com alma”, na qual as pessoas colocam o bem comum antes dos interesses individuais.

O diácono Aguirre destaca que a Amazônia “não pode ser considerada mercadoria”. Ele disse que os países devem colocar uma moratória em projetos que incluem combustíveis fósseis e mineração.

Vieira concorda: “É importante que governos e empresas se comprometam a reduzir os subsídios para atividades que destroem a biodiversidade. Também é importante ter um plano de expansão e manutenção de áreas protegidas, respeito aos direitos dos povos tradicionais e seus territórios”.

Vieira explica que desde 2002 os membros da Convenção da Biodiversidade se comprometeram a reduzir a taxa de perda de biodiversidade, mas falharam. Apenas duas das 22 metas globais propostas foram alcançadas. Para um acordo de Montreal, são necessários avanços políticos para um novo pacto capaz de conter a perda de espécies, disse ela.

“Com o avanço do desmatamento na Amazônia e o agravamento do risco à biodiversidade, aumenta a responsabilidade dos participantes de Montreal. O futuro da diversidade biológica do planeta está em jogo”, cobra a assessora da Repam.

O diácono Aguirre coloca isso de outra forma: “Caminhando juntos, na sinodalidade, vamos nós, nações, do dizer ao fazer, para que a vida revelada na Amazônia seja admirada e protegida dos interesses mesquinhos que a ameaçam”.

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