30 Agosto 2022
Após os protestos da embaixada ucraniana junto à Santa Sé pelas palavras do Papa sobre a Ucrânia, hoje há uma reviravolta: relações importantes.
A notícia foi publicada por Avvenire, 26-08-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Durante estes meses, o Papa Francisco "nunca foi 'equidistante': condenou com palavras claras a agressão perpetrada pela Rússia. Foi mais 'equípróximo', isto é, próximo de todos aqueles que sofrem pelas consequências da guerra, em primeiro lugar a população inocente da Ucrânia que morre sob bombas russas”. Quem afirma isso é Andrea Tornielli, diretor editorial do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, em um comunicado divulgado para a edição ucraniana do Vatican News.
Tornielli comentou as palavras do Pontífice, pronunciadas durante a Audiência Geral de 24 de agosto. O Papa Francisco, recorda Tornielli, “interveio inúmeras vezes em favor do povo ucraniano, vítima de uma injusta agressão. Ontem, no dia em que se fechavam seis meses desde o início desta guerra, justamente no dia em que a Ucrânia celebrou o aniversário de sua independência, proferiu palavras muito fortes para pedir o fim dos combates e um verdadeiro empenho pela paz de parte dos líderes das nações".
"Francisco falou da 'loucura' da guerra russa. Na encíclica Fratelli tutti ele já havia explicado que não há mais motivos para falar de 'guerra justa'. Nenhuma guerra hoje é 'justa'. E justamente se referindo à loucura da guerra, que cria insegurança para todos - continua o diretor editorial do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé - lembrou também o último episódio relatado pelos noticiários, o atentado em que Darya Dugina foi morta. Falou de Dugina definindo-a uma ‘pobre jovem’, para se referir às circunstâncias dramáticas de sua morte, para reiterar que nada pode justificar a morte de um ser humano. O Papa falou com o coração do pastor, não do político. Ele queria expressar a piedade cristã pelos mortos, por todos os mortos, e certamente para não ferir os sentimentos da população ucraniana, que vive o horror da guerra e continua a ter tantas vítimas inocentes, entre elas muitas crianças. Crianças pelas quais o Papa rezou muitas vezes e continua a rezar".
As palavras de Tornielli foram registradas nos últimos dias e oferecem um quadro claro e límpido das palavras do Papa, que, no entanto, despertaram perplexidade na Ucrânia, tanto que ontem, quinta-feira, o ministro do Exterior de Kiev convocou o núncio apostólico na Ucrânia, Visvaldas Kulbokas. "Estudamos cuidadosamente a citação completa" sobre a morte de Dugina e "decidimos convocar o núncio apostólico para expressar a decepção da Ucrânia com essas palavras", disse o ministro Dmitro Kuleba.
Monsenhor Visvaldas Kulbokas "foi informado de que a Ucrânia está profundamente decepcionada com as palavras do Papa, que equiparam injustamente o agressor e a vítima". Nesse teor, uma nota do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia após o encontro com o núncio apostólico. “A decisão do Papa Francisco de mencionar no contexto da guerra russo-ucraniana a morte de um cidadão russo no território da Rússia, com a qual a Ucrânia não tem nada a ver, provoca incompreensões”, continua a nota.
Até mesmo a embaixada ucraniana junto à Santa Sé expressou perplexidade com as palavras do Papa, mas hoje o tom se relaxou: os representantes ucranianos destacaram, hoje, em um tuite, “o quão importante” são as relações entre a Ucrânia e a Santa Sé. O embaixador ucraniano junto à Santa Sé, Andrii Yurash, tuitou algumas fotos na Ucrânia com o Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, que datam de sua visita a Kiev há um ano: "Exatamente um ano se passou desde que sua eminência o Cardeal Pietro Parolin visitou a Ucrânia e participou da histórica celebração do 30º aniversário da Independência. Foi a segunda visita do Secretário de Estado do Vaticano desde o início da invasão russa em 2014 que mostrou para ambos os lados o quanto as relações entre a Ucrânia e a Santa Sé são importantes ".
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Santa Sé: o Papa não “equidistante” de Ucrânia e Rússia, mas “equipróximo” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU