13 Junho 2022
A confirmação chega do Kremlin: na quarta-feira não se chegou a nenhum acordo sobre a exportação de cargas de trigo ucraniano pelo Mar Negro. Mas a cúpula entre o Ministro do Exterior turco Cavusoglu e o russo Lavrov definiu novos equilíbrios. Este é também o efeito dominó da crise na Ucrânia. Isso é demonstrado pelo duplo anúncio feito ontem por Erdogan: ele será o candidato da Aliança da República nas eleições presidenciais de junho de 2023. E então acrescentou: "Nunca permitiremos a formação de um corredor para o terrorismo em nossa fronteira". A referência é à anunciada operação militar de Ancara contra as forças curdas no norte da Síria. A Turquia, especificou Erdogan, quer "proteger a fronteira com uma faixa de segurança de 30 km de extensão". E para isso pediu aos "aliados" de Ancara o "respeito por nossas legítimas preocupações". Uma referência aos novos equilíbrios OTAN a serem negociados juntamente com a entrada da Finlândia e da Suécia, sobre os quais Erdogan levantou bastante objeções.
A reportagem é de Luca Geronico, publiucada por Avvenire, 10-06-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Mas qualquer operação militar na Síria só pode ser negociada com Moscou, o fiador do regime de Bashar el-Assad. Uma operação militar que é mais do que uma ameaça hipotética. O exército turco, informa o jornal Sabah, já completou a preparação e os militares turcos aguardam agora a ordem para iniciar a ofensiva. A ação, especifica o jornal pró-governo, será realizada em conjunto com o Exército Nacional Sírio, histórica formação da oposição a Bashar al-Assad que há alguns anos entrou na esfera de influência de Erdogan. O objetivo de Ancara é assumir o controle de Tal Rifat e Manbij, a oeste do rio Eufrates, atualmente administradas pelas forças curdas. Uma intenção reafirmada na quarta-feira por Cavusoglu a Lavrov com o pedido de honrar os acordos de Sochi de 22 de outubro de 2019 entre Erdogan e Putin, segundo os quais a presença de forças curdas na área deveria ser removida.
Em suma, a complementação da operação militar turca "Fonte da Paz" de outubro de 2019, depois interrompida por uma intervenção diplomática dos Estados Unidos. E justamente o corredor de terra que vai de Kobane a Qamishli poderia ser o "dividendo" de uma mediação turca para desarmar a bomba do trigo e iniciar uma verdadeira mediação sobre a crise na Ucrânia. Enquanto isso, no redescoberto papel do poder mediterrâneo - certamente também em função eleitoral diante de uma crise econômica cada vez mais desestabilizadora - Erdogan também emitiu um aviso à Grécia pedindo que "pare de armar as ilhas que têm status não militarizado". Recentemente, Ancara criticou Atenas acusando-a de levar armas para algumas ilhas gregas no mar Egeu, perto da costa da Turquia, que segundo os tratados internacionais deveriam ser desmilitarizadas.
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Sobre o trigo, só Erdogan vence. Ele reforça os objetivos anti-curdos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU